A Verdade a todo custo ou a mentira do bem?
A filosofia Kanteana deve ser sim temperada, ponderada na esfera privada das relações
A verdade sempre, doa a quem doer? Ou uma mentira visando o bem é virtuosa?
Seguindo a linha filosófica de Kant a verdade é moralmente inegociável. Se um criminoso invade sua casa e pergunta se você tem dinheiro escondido, moralmente você deve falar a verdade.
Não somos tão filosóficos porém. A práxis da vida nos mostra, que a ponderação de cada situação concreta nos apresentada deve ser realizada sim. Em uma balança devem ser colocadas as perspectivas das consequências de se optar pela mentira ou pela prioritária verdade, e nesse momento não apenas as consequências egocentristas, mas sobretudo as altruístas, empáticas.
Se uma pontual mentira tiver o poder de evitar uma dor profunda em outrem, por que não utilizá-la como solução empírica casuística? Alguém lhe pergunta se você a acha uma mulher feia ou bonita. Mesmo não a percebendo bela aos seus padrões, valeria qualificá-la como feia? Em um caso como esse, capaz de acarretar-lhe uma dor profunda como consequência da exposição da verdade, esta deve ser moralmente defendida doa a quem doer? Acreditamos que não.
Muito cuidado porém ao nos filiarmos a uma destas correntes. Percebemos, que na esfera privada das relações a ponderação referida deveria ser mais praticada com os devidos cuidados de se olhar para o outrem, mas cuidado, esta teoria cai por terra ao nos conectarmos com a esfera pública relacional, expliquemos.
Na esfera pública há os deveres principiológicos de legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade, e a sua decisão alcança quase sempre uma coletividade ou mesmo uma sociedade de forma difusa, onde não é dado ao agente público ou político mentir, escamotear a verdade alegando estar fazendo o bem.
Nesta seara a todos é dado o direito de conhecer a verdade sempre, assim fundamenta-se em razões de interesse público, e quando não, por respeito aos princípios constitucionais do art. 37 da Constituição Pátria. Assim que a política por seus agentes são empiricamente, em regra, representantes de uma inexorável inconstitucionalidade contumaz quando mentem em seus múnus públicos.
Conclui-se que, em regra, a filosofia Kanteana deveria ser aplicável às esferas das relações públicas coletivas e difusas sempre, salvo expressa ordem judicial em contrário, mas muitas vezes por questão de humanidade deve ser sim temperada, ponderada na esfera privada das relações, como forma de se estabelecer socialmente muitas vezes de forma não abusiva com os que nos estão mais próximos que em tese tendemos a nos importar em maior grau.
Esta questão que levantamos serve muito bem para externar parcela da diferença do que é ser um homem em sua esfera privada para sua atuação munido de munus público, mentir nem sempre é tolerável.
Políticos do meu Brasil, atentemos!
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