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    Hamilton Borges

    Escritor da reaja ou Será mort@

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    A visão que eu tenho dos canalhas

    Muitos que gritam “Viva o SUS” com seu plano de saúde neoliberal ali, pago em dias, apontam o favelado sem máscara tomando cerveja na esquina mas aglomeram na sua festinha de família para 50 convidados

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    Tenho observado silenciosamente o cenário, um deserto de ideias e de práticas que nos anime. Ruas vazias, hospitais cheios, um povo sem medo fazendo paredão, pancadão e as manifestações puxadas por políticos protegidos com seus salários gordos e seus cartões de créditos que podem facilmente contratar um hospital com equipe e respirador e na hora da agonia até a cloroquina pode virar remédio.

    Muitos que gritam “Viva o SUS” com seu plano de saúde neoliberal ali, pago em dias, apontam o favelado sem máscara tomando cerveja na esquina mas aglomeram na sua festinha de família para cinquenta convidados. Estes mesmos não pararam “os pequenos prazeres da vida adulta” e seguem em grupo em baladas nas praias e balneários e chamam de bolsominion quem não sai de casa para aglomerar no farol.

    Os pretos e pretas em sua maioria não tem recursos, mas são os que mais ferozmente defendem o projeto da elite branca de esquerda e direita. E nessa confusão geral, militância com cara de ativismo, pesquisador virando referência pra te explica como lutar, toda aquela performance de quem passou a vida se formando como pentecostal, ou no núcleo de jovens da tendência querendo te ensinar como louvar seus ancestrais, como se defender da polícia que nos humilha, sendo que sua pele é uma marca impossível de disfarçar e aquele barulho danado que se faz antes de pedir uma contribuição vultosa para aprender o que aprendemos de graça, porque falar de África era luta e não essa patifaria que oferece bolsa para pobre.

    Sinta o drama dessa Bahia esculhambada. Dois meninos mortos na Bahia em dois anos. Mortos por policiais militares numa operação policial descoordenada de qualquer instituição de controle ou de direito. O governador Rui Costa, cercado por moradores do Nordeste de Amaralina e pelas mulheres da Reaja Organização Política regidas por água e trovão, saiu covardemente pela porta do fundo da governadoria enquanto seu preposto covarde e arrogante mentia paras as mães que perderam filhos nas operações de guerra que o partido do governo pratica contra gente preta, era uma manifestação por justiça, pelas vidas ceifadas dessas crianças do Nordeste de Amaralina. O que se pedia ali era decência.

    Um dia depois, Rui Costa anunciou medidas que visam proteger policiais quando em confronto, produzam o resultado morte de civis. O governador anuncia que vai pagar advogados para os bandidos fardados, os porcos marrons. Silêncio da OAB, silêncio da intelectualidade preta capturada pelo projeto de morte do partido do governo e seus aliados.

    Na mesma semana, a tragédia das mortes de dois homens que roubavam carnes no supermercado Atakarejo, supostamente entregues por seguranças a traficantes do Nordeste de Amaralina, a mesma comunidade que cercou o governador Rui Costa antes dele sair fugido pela porta dos fundos da governadoria. Achamos mais que estranho esse acontecimento do Atakarejo, eles calaram os gritos por justiça pelas mortes de Micael de 11 anos e Ryan de 09 anos. O movimento negro chapa branca que se calou diante das mortes das crianças e foi correndo fazer manifestações no Atakarejo, jogando carne de primeira no chão como forma de protesto enquanto a comunidade pensava em sua própria condição de fome. O movimento chapa branca, ao invés de promover saques aos supermercados que drenam nossa economia com comida podre, de péssima qualidade nesse deserto alimentar que nos desgraça, fazem campanhas pedindo misericórdia a políticos e a classe média de consciência culpada.

    Eles conseguiram blindar o governo do Estado da Bahia, colocaram um palanque para o governador e o secretário de segurança pública e não deram um pio para os fatos que sucederam depois desse teatro de escravos da casa, Tio Tom entrar em cena: Prisões arbitrárias, ilegalidade, brutalidade policial, execução extrajudicial e o silêncio desonesto dessa gente que quer esse pedaço de poder sujo com o sangue de sua própria gente.

    Os escritores, os que se julgam iluminados e acima da plebe rude, os profundos, os que se sentem de elite e que só escrevem no silêncio dos seus gabinetes, que não conhecem as ruas, os que buscam a neutralidade em cada linha escrita, a turma dos coquetéis, da perfumaria e dos vinhos caros fazem suas lives e uma análise aprofundada sobre tudo que não toca as ruas sujas da cidade, as ruas abandonadas pelo estado, os bairros ocupados pela força militar, os bairros igualmente inundados de sangue preto. Os escritores acham que basta escrever e viver no condomínio de luxo do sistema literário nacional. Sonham, com as casacas reservadas aos seus amigos brancos.

    Os políticos negros do partido do governo inventaram mais um conceito que vai ser julgado duramente pela história, é um tal de quilombo socialista, ou socialismo quilombola, chancelado por Jaques Wagner, ex-governador, o judeu de olho azul, responsável pela morte do menino Joel, de 11 anos no mesmo Nordeste de Amaralina que matou Micael e Ryan, que abençoa a intenção dessa gente na política. Eles podiam deixar os quilombos de lado, não macular uma instituição preta de autonomia e justa violência contra a opressão e ódio antinegro, mas eles preferem morrer de joelhos e assim, em praça pública.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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