A volta dos filhos pródigos
Itamaraty deveria negociar repatriação antes da deportação, escreve Alex Solnik
Não pretendo ensinar o Padre Nosso ao vigário, nem procuro uma vaga no Itamaraty, mas acho que o Ministério das Relações Exteriores pode fazer mais pelos 230 mil imigrantes ilegais brasileiros que vivem nos Estados Unidos e estão apavorados com a caça às bruxas atual.
O Itamaraty já deveria, a essa altura, e já tardiamente, entrar em contato com esses brasileiros, alertá-los para as consequências e perigos de sua permanência naquele país, sobretudo na atual gestão autoritária de Donald Trump e sugerir que retornem ao Brasil, antes de serem presos e deportados, com a ajuda do governo brasileiro.
Ao mesmo tempo, deveria negociar com as autoridades americanas a repatriação voluntária, sem que os repatriados sejam punidos, de forma segura, sem humilhações nem algemas.
É uma operação gigantesca, demorada e dispendiosa, mas só assim será evitado o espetáculo humilhante da deportação de brasileiros, algemados e agredidos.
O Itamaraty também deveria desencadear uma campanha aqui dentro do país, dizendo que quem vive nos Estados Unidos sem o “greencard” comete um crime naquele país, portanto é considerado criminoso, embora não mate nem roube.
E desestimulando novas ondas de imigrantes ilegais.
Não basta apenas recebê-los em nossos aeroportos como se fossem filhos pródigos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

