Adeus, Abe
"Weintraub provou, em pouco tempo, ser mais que um fracassado profissional. Apesar da vastidão do gado, vai ser muito difícil para o presidente encontrar outro mentecapto tão perfeito", escreve o colunista Leandro Fortes, do Jornalistas pela Democracia
Por Leandro Fortes, para o Jornalistas pela Democracia - Abraham Weintraub não é um bolsonarista qualquer. Medíocre, ignorante, preconceituoso e indigente intelectual, Weintraub é a própria definição de bolsominion – uma expressão curiosamente divertida que, daqui até a eternidade, servirá, no entanto, para designar todo tipo de cretino ligado a Jair Bolsonaro e tudo aquilo que diz respeito a esse governo de dementes que, por ora, ainda resiste.
“Abe”, como ele se refere a si mesmo, com pronúncia em inglês (“Eibe”), admitiu a um amigo, segundo conta o jornalista Elio Gaspari, que aceitou ser ministro da Educação, principalmente, para se vingar da esquerda, dos esquerdistas que abusavam dele e o humilhavam, na faculdade, na vida – a crônica perfeita de um idiota que culpa os outros pelos próprios fracassos, aliás, também o perfil do típico fascista da classe média brasileira.
Weintraub provou, em pouco tempo, ser mais que um fracassado profissional. Burríssimo, não compreendeu sequer a dimensão do espaço político do cargo de ministro de uma das pastas mais importantes da República. Portou-se, desde sempre, como um deslumbrado provinciano, incapaz de interpretar a realidade da educação brasileira, suas carências e demandas.
Ao invés disso, partiu para a destruição pura e simples de um sistema que, na cabecinha dele, era a construção maligna da mesma esquerda que, ao curso de uma vida, o havia tratado como o cretino absoluto que ele sempre foi, nem mais nem menos.
Inebriado, chegou a se achar, inclusive, engraçado, ao ponto de protagonizar um vídeo onde imitava Gene Kelly no filme “Cantando na chuva” – talvez uma das cenas mais patéticas da história da República. Em seguida, esforçou-se para realizar o pior, mais confuso e mais desorganizado exame do Enem, desde a criação da prova, em 1998.
Foi, também, o único ministro da Educação comprovadamente semianalfabeto, fato que ele procurou compensar dando declarações histriônicas e rosnando estultices, como uma besta fera, até ser pego, em plena fanfarronice, chamando os ministros do STF de vagabundos e pregando a prisão de todos eles, durante a fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020.
O fato é que, por força das circunstâncias, Bolsonaro foi obrigado a se livrar de um ministro que, sozinho, reunia todos os requisitos nefastos para, justamente, ocupar uma vaga no governo federal.
Apesar da vastidão do gado, vai ser muito difícil para o presidente encontrar outro mentecapto tão perfeito.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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