Agora Bolsonaro cai!
As mulheres que carregam o país nas costas e no colo vão dizer, em uma live na TV247, neste domingo, que só há uma saída: as instituições da República devem criar coragem e agir, urgentemente, afastando da cena política Bolsonaro e o general que é seu vice
Por Patrícia Zaidan
Não é possível esperar mais. Bolsonaro, Mourão e Pazuello impuseram pena de morte a Manaus e estão decretando a extinção lenta e agônica para todos nós. Encaramos AGORA a missão de acabar com este governo ou, quem sobrar, terá de andar sobre corpos, tentando reconstruir um país completamente destroçado. E não será suficiente tirar Bolsonaro do poder. Ele terá que responder por crimes e ser punido com prisão. As mulheres que carregam o país nas costas e no colo vão dizer, em uma live na TV247, neste domingo (às 13h), que só há uma saída: as instituições da República devem criar coragem e agir, urgentemente, afastando da cena política Bolsonaro e o general que é seu vice. Para acordá-las, o povo deve gritar.
Não basta ver – e dizer – que o presidente perdeu condições políticas para continuar sentado no Palácio do Planalto. É preciso canalizar o falatório sobre o Fora Bolsonaro – que chegou ao mercado financeiro, à elite abastada, ao centrão e até aos bares lotados de negacionistas –, fazendo isso virar pressão em cima de quem tem poder legal.
Passou da hora de cercar o aturdido presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que já deveria ter aberto o processo de impeachment em 2 de julho, quando o Levante das Mulheres Brasileiras entregou um Manifesto com 45,5 mil assinaturas pedindo a ele o impedimento de Bolsonaro, apontando os crimes de responsabilidade que vinha cometendo. Naquele dia, o Brasil já havia perdido 60 mil vidas. Se tivesse agido, Maia teria evitado que a Covid matasse 215 mil brasileiros, poupado a Amazônia da destruição, estancado o genocídio do povo indígena, a matança da população negra, o crescimento assustador do feminicídio, a barbaridade dos assassinatos de trans, além do empobrecimento das trabalhadoras e trabalhadores do país.
Mas Rodrigo Maia permanece perdido entre 55 deputados que se opõem a dar cartão vermelho a Jair Messias, 348 que não abrem o bico para revelar o que pensam e 110 defensores do impeachment. Ele pode até perder a eleição para a mesa diretora, não fazendo de Baleia Rossi seu sucessor (aí, Bolsonaro ganha fôlego para seguir delinquindo, tendo seu aliado Artur Lira, o deputado que agride mulheres, na presidência da Casa).
Maia tem que decidir: quer entrar para história como alguém que se recusou a deter o pior presidente, o mais incompetente, nefasto, sanguinário e letal? Até pouco tempo – sem notar os cadáveres, sem ver a ligação com a milícia e ignorando o uso da Polícia Federal para encobrir delitos do clã presidencial –, Maia afirmava não ver crimes em Bolsonaro. Mas já não pode ignorar a realidade. E as provas. A reportagem de Eliane Brum, publicada esta semana em El País, mostra como o governo criou uma estratégia institucional de propagação do Coronavírus, que, além das mortes trágicas, contaminou 8,8 milhões de brasileiros. A conclusão vem de um estudo realizado na Faculdade de Saúde Pública, da USP, e Conectas Direitos Humanos, com base na análise de 3.049 normas federais de respostas à Covid, discursos oficiais e vídeos de Bolsonaro e seus desastrados ministros. Tem até uma lista pronta, com 23 atos de Bolsonaro, que cheiram a crime de responsabilidade, publicada pela Folha de S. Paulo nesta sexta (22/01). Basta vontade política e vontade jurídica para que providências sejam tomadas. O Levante – frente feminista que junta organizações e ativistas independentes de todo o país, e mantém a campanha #MulheresDerrubamBolsonaro – naquele 2 de julho dirigiu o mesmo Manifesto também ao Tribunal Superior Eleitoral, fazendo pressão pela cassação da chapa Bolsonaro/Mourão, eleita em 2018. À Procuradoria-Geral da República, o Levante solicitou investigação dos crimes cometidos, e ao Supremo, que se sentisse provocado a reagir a um governo que massacrou a Constituição, em diferentes aspectos – ao violar o direito à saúde, destruir a economia, propagar racismo, fascismo e misoginia, ameaçar com a volta da ditadura e defender o armamento da população para enfrentar governadores e prefeitos que implantassem o isolamento social como forma de combate da pandemia.
As mulheres sabem, muito antes que as instituições da República, onde o país fracassa. São elas que lidam com a panela vazia, a falta de água, luz, remédio, mobilidade urbana, segurança... São as mulheres que choram pelos filhos presos ou assassinados. Neste exato momento, estão arcando, sozinhas, com uma demanda nova: o cuidado, em casa, com as centenas de milhares de vítimas da Covid que sobreviveram com sequelas graves, às vezes irreversíveis.
Na live deste domingo, todas essas mulheres estarão representadas por 16 guerreiras, referências de luta em diversas áreas do país, e uma brasileira que se tornou deputada na Espanha e mobiliza mulheres no exterior para resistirem ao presidente Bolsonaro.
Integrando o esforço das #100MilLivesPeloImpeachment, proposto pelo OcupaMinc-RJ e Movimento Reage Artistas, a live intitulada “Agora Bolsonaro Cai!” está também no programa do Fórum Social Mundial. A abertura será feita por Vilma Reis, socióloga, feminista, defensora de Direitos Humanos, ativista do Movimento de Mulheres Negras no Brasil. Coletiva Mahin e Coalizão Negra. Serão entrevistadas:
- Amelinha Teles, ex-presa política, promotora legal popular
- Marcia Tiburi, filósofa, escritora e artista
- Eliete Paraguassu, marisqueira, militante do Movimento de Pescadoras e Pescadores
- Nana Oliveira, Agenda Nacional pelo Desencarceramento
- Chirlene dos Santos, Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad)
- Symmy Larrat, presidenta da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT)
- Alice Portugal, depurada federal e integrante do Movimento Vacinal
- Maria Dantas, jurista brasileira, deputada no Congresso espanhol
- Selma Dealdina, ativista da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Canaq)
-Melania Amorim, médica, obstetra e cientista
- Dani Portela, vereadora em Recife
- Célia Neves, da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos e Comunidades Extrativistas Costeiras Marinhas (Confrem)
- Monique Prada, trabalhadora sexual e escritora.
- Lusmarina Garcia, pastora luterana
- Ingrid Farias, Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (Renfa)
- Yalorixá Márcia de Ogum, Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro)
Vou ter o prazer de falar com essas mulheres, dividindo a ancoragem com Isadora Salomão, feminista negra, defensora de Direitos Humanos e membra do Levante. O programa será o nosso grito para acorda Rodrigo Maia, a Câmara dos Deputados, o Senado, o Judiciário, os governadores e prefeitos, a velha mídia, as forças populares que estão vivas, mas perdendo o país para o projeto genocida de Bolsonaro.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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