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    Gerson Jorio

    Professor, engenheiro e jornalista. É autor, entre outras obras, do livro Eleição tem lógica

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    Ainda desvendando a eleição para vereador

    Diz o ditado que em uma batalha entre um urso e um jacaré o que define a vitória é o terreno. As eleições proporcionais são um pouco disso

    Urna eletrônica (Foto: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil)

    A disputa por uma vaga para vereador é uma tarefa muito penosa. Requer um entendimento apurado e uma estratégia cuidadosa envolvendo o partido e seus candidatos.

    Diz o ditado que em uma batalha entre um urso e um jacaré o que define a vitória é o terreno. As eleições proporcionais são um pouco disso, o seu grau de dificuldade depende das particularidades eleitorais do município em que são realizadas. Coisas como o tamanho do eleitorado, número de cadeiras a serem disputadas, número de partidos disputando o pleito e o potencial eleitoral dos partidos fazem toda a diferença.

    As vagas disponíveis nas Câmaras Municipais do estado de São Paulo, por exemplo, variam entre 55 e 9 cadeiras, dependendo, entre outras coisas, do eleitorado do município. O quadro abaixo, nos mostra algumas dessas variações e suas consequências na disputa.

    grafico

    O gráfico, com dados das eleições de 2020, nos mostra que São Paulo, com quase 9 milhões de eleitores e 55 vagas disponíveis, alcançou um quociente eleitoral (QE) de 1,82% dos votos válidos (VV), algo em torno de 91 mil votos, quantidade superada por quatro candidatos, Eduardo Suplicy, Milton Leite, Delegado Palumbo e Felipe Becari.

    Já Guarulhos, segundo maior eleitorado do estado, com mais de 890 mil eleitores, um contingente quase dez vezes menor do que o do município de São Paulo, e 34 vagas na Câmara, gerou uma combinação que resultou em um QE de 2,94% dos VV (16.852 votos) e dificuldades para que os partidos e seus candidatos alcançassem o QE. O candidato mais votado daquela eleição, Luis da Sede, alcançou 8.300 votos, menos da metade do QE.

    Os eleitores de Pindamonhangaba e Jaú, ambas com um pouco mais de 100 mil eleitores e, respectivamente, com 11 e 17 vagas na Câmara, vivem desafios diferentes em termos de necessidades de votação. Mas, mesmo em Jaú, cujas 17 vagas conduzem para um QE bem menor do que o de Pindamonhangaba, o candidato mais votado, Fabio Souza (1.576 votos) ficou com 2 vezes menos votos quando comparado ao QE (3.804 votos). Isso é uma pequena mostra da competição apertada envolvendo os municípios com pequenas quantidades de cadeiras disponíveis.

    Veja também Itatiba e Itanhaém, municípios com eleitorado na casa dos 80 mil e QE variando imensamente.

    Para terminar, temos Borá, com o menor eleitorado paulista e com a exigência de um QE de 11,11% em relação aos VV. Nesse municipio, os partidos têm que alcançar um QE enorme dentro de um eleitorado pequeno.

    Resumindo, quanto maior é o eleitorado e o número de vagas disponíveis, menor (proporcionalmente) é a necessidade de votação para alcançar o QE. Nos maiores municípios geralmente todos os partidos competem, pois são mais organizados e estruturados, o que resulta em mais partidos assumindo cadeiras.

    Por outro lado, quanto menor é o município, menor é a sua densidade eleitoral e a quantidade de vagas disponíveis em sua Câmara Municipal. Essa combinação de fatores exige alto QE, em um cenário com poucos partidos organizados e capazes de ocupar cadeiras na bancada municipal.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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