Ainda desvendando a eleição para vereador
Diz o ditado que em uma batalha entre um urso e um jacaré o que define a vitória é o terreno. As eleições proporcionais são um pouco disso
A disputa por uma vaga para vereador é uma tarefa muito penosa. Requer um entendimento apurado e uma estratégia cuidadosa envolvendo o partido e seus candidatos.
Diz o ditado que em uma batalha entre um urso e um jacaré o que define a vitória é o terreno. As eleições proporcionais são um pouco disso, o seu grau de dificuldade depende das particularidades eleitorais do município em que são realizadas. Coisas como o tamanho do eleitorado, número de cadeiras a serem disputadas, número de partidos disputando o pleito e o potencial eleitoral dos partidos fazem toda a diferença.
As vagas disponíveis nas Câmaras Municipais do estado de São Paulo, por exemplo, variam entre 55 e 9 cadeiras, dependendo, entre outras coisas, do eleitorado do município. O quadro abaixo, nos mostra algumas dessas variações e suas consequências na disputa.
O gráfico, com dados das eleições de 2020, nos mostra que São Paulo, com quase 9 milhões de eleitores e 55 vagas disponíveis, alcançou um quociente eleitoral (QE) de 1,82% dos votos válidos (VV), algo em torno de 91 mil votos, quantidade superada por quatro candidatos, Eduardo Suplicy, Milton Leite, Delegado Palumbo e Felipe Becari.
Já Guarulhos, segundo maior eleitorado do estado, com mais de 890 mil eleitores, um contingente quase dez vezes menor do que o do município de São Paulo, e 34 vagas na Câmara, gerou uma combinação que resultou em um QE de 2,94% dos VV (16.852 votos) e dificuldades para que os partidos e seus candidatos alcançassem o QE. O candidato mais votado daquela eleição, Luis da Sede, alcançou 8.300 votos, menos da metade do QE.
Os eleitores de Pindamonhangaba e Jaú, ambas com um pouco mais de 100 mil eleitores e, respectivamente, com 11 e 17 vagas na Câmara, vivem desafios diferentes em termos de necessidades de votação. Mas, mesmo em Jaú, cujas 17 vagas conduzem para um QE bem menor do que o de Pindamonhangaba, o candidato mais votado, Fabio Souza (1.576 votos) ficou com 2 vezes menos votos quando comparado ao QE (3.804 votos). Isso é uma pequena mostra da competição apertada envolvendo os municípios com pequenas quantidades de cadeiras disponíveis.
Veja também Itatiba e Itanhaém, municípios com eleitorado na casa dos 80 mil e QE variando imensamente.
Para terminar, temos Borá, com o menor eleitorado paulista e com a exigência de um QE de 11,11% em relação aos VV. Nesse municipio, os partidos têm que alcançar um QE enorme dentro de um eleitorado pequeno.
Resumindo, quanto maior é o eleitorado e o número de vagas disponíveis, menor (proporcionalmente) é a necessidade de votação para alcançar o QE. Nos maiores municípios geralmente todos os partidos competem, pois são mais organizados e estruturados, o que resulta em mais partidos assumindo cadeiras.
Por outro lado, quanto menor é o município, menor é a sua densidade eleitoral e a quantidade de vagas disponíveis em sua Câmara Municipal. Essa combinação de fatores exige alto QE, em um cenário com poucos partidos organizados e capazes de ocupar cadeiras na bancada municipal.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: