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    Laís Vitória Cunha de Aguiar

    Aos 16 anos passou a escrever para a ONG australiana Climate Tracker, que treina jovens para serem jornalistas climáticos, e com isso publicou para a EcoDebate e outros meios de comunicação. Participou dos Jornalistas Livres como freelancer e por um ano do Mídia Ninja. Publica eventualmente no Brasil 247 e Brasil De Fato. Formada em Línguas Estrangeiras Aplicadas ao Multilinguismo no Ciberespaço e coordena o Parlamento Mundial da Juventude no Brasil.

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    Aldear a política: Bancada do Cocar faz a primeira formação para parlamentares indígenas e reúne vereadores de todo Brasil

    Evento reuniu em Brasília a primeira formação para parlamentares indígenas, intitulada Vozes da Terra

    Célia Xakriabá (Foto: Laís Vitória Cunha de Aguiar)

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    Do dia 17/09 ao dia 19/09, na Casa do Maranhão em Brasília, ocorreu a primeira formação para Parlamentares Indígenas (intitulada Vozes da Terra), a qual foi liderada pela deputada federal Célia Xakriabá e também pela ministra do Ministério dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Para a ministra: “As candidaturas indígenas trazem não apenas a preocupação mas a vivência de como combater a crise climática no Brasil.” Ouça aqui parte do relato: Bancada do Cocar no evento de formação Vozes da Terra para parlamentares indígenas.

    O evento reuniu parlamentares indígenas do norte ao sul do Brasil, dando prioridade para mulheres, as quais participam dos mais diversos partidos políticos (PT, PSDB, PSOL, etc). Os temas do evento, apesar de se centralizarem nos processos legislativos e formas de atuação, também incidiram em questões como mudanças climáticas e direito indígena. No primeiro dia, a mesa de abertura contou com a presença da Ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara, Célia Xakriabá, e outras lideranças. O governador do estado do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), esteve representado por Célia Watanabe (SEREDIF).

    Para o jovem representante da Frente Parlamentar Mista em Defesa Dos Direitos dos Povos Indígenas, Lucas Marubo, “A primeira formação para candidaturas indígenas em nível municipal tem uma importância estratégica e simbólica significativa. No contexto do Brasil, ela busca fortalecer a representatividade dos povos indígenas nas esferas políticas locais, onde muitas decisões que afetam diretamente suas comunidades são tomadas. A formação permite que os futuros vereadores indígenas adquiram habilidades legislativas, entendam melhor as políticas públicas e se engajem de maneira mais efetiva em debates cruciais sobre temas como a proteção de territórios, preservação ambiental e a implementação de políticas de inclusão social. Além disso, essa capacitação fortalece a autonomia indígena, ajudando a promover uma maior participação política e a redução de desigualdades no cenário nacional, fortalecendo os povos indígenas nas políticas partidárias.” Também é possível escutar a fala do jovem aqui: https://youtube.com/shorts/xHQEvNWfPL4?si=gnivecU3-xTeLFsE

    A cacica Eliara (PT- SC), do povo Guarani, de Palhoça, relatou a luta de seu povo para ter o seu território e seu povo reconhecido. Ademais, ela é a primeira mulher indígena a disputar uma eleição em seu município: “o sul tem muito essa negação dos povos originários, e quando se fala do estado de Santa Catarina e do município de Palhoça, nós temos até um clube que carrega o nome da nossa etnia, o povo Guarani, e o município muitas vezes nega a existência dos povos indígenas dentro do nosso município, e hoje como mulher, cacique e candidata, é um desafio bem grande, é uma bolha muito grossa que a gente tem que estar furando para conseguir se incluir (...) Foram anos de planejamento no meu território para poder estar nessa eleição.” Assista aqui a entrevista completa: Cacica Eliara, território Montecavalos, no evento Vozes da Terra.

    Já Inaye Kuña Nevangaí (PSDB- MS), do povo Guarani-Kaiowá, busca a reeleição: “Já sou vereadora no meu município, não foi fácil na primeira vez conseguir uma vaga. A estratégia foi boa, dentro da comunidade (...) Mas agora nesse segundo mandato está sendo mais difícil, é reeleição, tem os não indígenas na chapa do partido, pessoas de seis mandatos, quinze mandatos, mas fiz um bom trabalho. Aos poucos a gente vem quebrando preconceitos (...) Hoje a gente está montando a bancada do cocar, aldeando a política na aldeia, e por isso o evento Vozes da Terra é importante, porque isso precisa ser divulgado pelo Brasil para chegar nos nossos territórios tradicionais, para que a gente possa dar mais visibilidade para os nossos povos indígenas.”

    Com relação a situação dos Guarani-Kaiowá na atualidade, “hoje os PM estão protegendo as propriedades dos fazendeiros que invadiram as terras indígenas, onde a gente aguarda a desintrusão há muito tempo. Temos alguns territórios já demarcados, mas as homologações foram suspensas (...) Estamos sofrendo violência constantemente, inclusive quinta-feira passada uma mulher levou tiro no joelho, ela estava desarmada, não tinha como se defender, está uma situação muito complicada, não temos a presença da Força Nacional, tá difícil, tá tenso, a qualquer momento pode acontecer algum massacre porque as comunidades indígenas sempre tentam resistir, guerrear.” Para ouvir a fala completa, veja aqui: Inaye Kuña Nevangal, vereadora, no primeiro evento formativo para Parlamentares indígenas.

    A recente resolução do Supremo Tribunal Federal busca resolver parte do problema ao indenizar os fazendeiros para que saiam da Terra Indígena Nande Ru Marangatu, mesma região do território de Inaye. É possível apoiar as candidaturas a partir das redes sociais das candidatas: @cacicaeliara ; @lopesinaye ; @silvanamarubo ; @xepataxo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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