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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Alienados e machistas, mas com Deus no coração

    "Robinho, processado por estupro, é o exemplo mais recente do bolsonarista que vira criminoso. Parecia fofinho, com o lustro que ganhou na Europa, mas é um ogro que tenta se defender agredindo as feministas, para assim atacar todas as mulheres", escreve Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

    (Foto: Divulgação)

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    Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia - Na Argentina, as estrelas do futebol que revelam posições firmes geralmente são progressistas e até assumidamente peronistas. Muitos admiram Che Guevara, os casos de Maradona e de Messi.

    Todos os anos, a cada 24 de março, os clubes argentinos emitem notas pelo Dia Nacional da Memória pela Verdade e pela Justiça, em homenagem aos torturados e mortos pela ditadura. Algo inimaginável no Brasil.

    No Chile, grandes jogadores foram às ruas no ano passado e se misturaram aos estudantes em manifestações contra o governo fascista de Sebastián Piñera. O time do Colo-Colo, do líder Esteban Efraín Paredes Quintanilla, é antifascista.

    A voz uruguaia que se ouve na Europa é a do craque Edinson Roberto Cavani, um humanista saído de um país em que o futebol sempre teve vínculos com os movimentos sociais.

    Foi no Uruguai, nos anos 70, que Julio Filippini, atacante de 19 anos, do Defensor, deu uma entrevista a uma rádio, ao final de um jogo, e dedicou um gol ao irmão Eduardo, que havia sido encarcerado pela ditadura. O Uruguai tinha técnicos assumidamente comunistas.

    No Brasil, jogadores, técnicos e dirigentes nos deixaram poucos exemplos de bravura. São sempre os mesmos, nem vale a pena repetir seus nomes outra vez. A regra aqui é a subserviência.

    Hoje, a maioria é de omissos ou bolsonaristas. O Rio Grande do Sul tem um caso nacional: Renato Portaluppi apoderou-se do Grêmio e conseguiu bolzonarizar o clube de Alcindo, Airton e Everaldo.

    Robinho, processado por estupro, é o exemplo mais recente do bolsonarista que vira criminoso. Parecia fofinho, com o lustro que ganhou na Europa, mas é um ogro que tenta se defender agredindo as feministas, para assim atacar todas as mulheres.

    Antes de serem bolsonaristas, ele e a maioria dos machistas e homofóbicos são alienados. Por isso mesmo são bolsonaristas.

    Robinho comparou-se a Bolsonaro, tentou politizar seu caso e, num recurso clássico da direita vulgar e ‘religiosa’, citou Deus e o demônio para se defender da acusação de violência sexual contra uma mulher embriagada.

    A frase é de alguém que tem fé: “No deserto, é nesses ataques que você se aproxima de Deus”.

    Bolsonaristas, dentro e fora do futebol, têm ótimas relações com o Deus deles e problemas sérios com as mulheres que eles não entendem direito.

    O próprio Bolsonaro está sendo processado por fazer a apologia do estupro, numa série de ataques covardes à deputada Maria do Rosário.

    O caso está parado no Supremo, enquanto o sujeito ocupa a presidência e finge que governa. Mas uma hora, quando ele sair, será levado adiante.

    As mulheres podem derrubar Bolsonaro, assim como tentam acabar com o ditador Aleksandr Lukashenko, na Bielorrússia.

    Mas teriam que contar pelo menos com a ajuda dos homens, e os homens brasileiros estão acovardados.

    O homem brasileiro, em todas as faixas de idade e classes sociais, deve ser um dos mais covardes do mundo hoje diante das garras do fascismo.

    O homem brasileiro encaramujou-se na sua covardia e não abandona o conforto dessa resignação. As mulheres não podem fazer tudo, carregando o peso morto de tanto acovardamento.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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