Anistia a golpistas é uma bomba contra o Brasil, a democracia, a legalidade e a civilização
Cidadãos de "bem" que só tem o mal para doar e dar
Vamos aos fatos. A desejada anistia que a extrema direita no Congresso e fora do Legislativo Federal quer impor a fórceps ao povo brasileiro é, na verdade, uma forma calhorda de livrar o político fascista Jair Bolsonaro do cadafalso de sua futura prisão. A anistia tem o propósito de recolocar o Bolsonaro na luta política e, por sua vez, deixá-lo livre para concorrer às eleições presidenciais, ou seja, torná-lo elegível e, com efeito, dar não um tapa, mas um murro afrontoso na cara do Brasil. A anistia para os fascistas e golpistas seria uma ode à impunidade e à barbárie.
A intentona golpista ou bolsonarista do 8 de janeiro de 2023 reverbera até os dias de hoje com força desmedida, agressividade política e violência física e verbal em todos os cantos do País. Trata-se da extrema direita brasileira, que acompanha célere os passos do fascismo internacional e que se recusa a negociar nos âmbitos políticos e institucionais a pacificação da sociedade brasileira, que desde o ano de 2013 se tornou indelevelmente dividida ao ponto de parentes e amigos romperem suas relações para nunca mais voltarem a se relacionar.
São, no mínimo, 11 anos, desde 2013, que o Brasil vivencia todo tipo de tentativas de rompimentos institucionais praticados por uma extrema direita que sonha com a implantação de uma ditadura nos moldes fascistas, sem abandonar as características de um poder discricionário sul-americano, com o apoio de um lumpesinato das classes baixa e média, de parcos conhecimentos sobre política, história e sociedade, mas que, com o advento das redes sociais, principalmente nos últimos dez anos, aflorou sua ignorância e desconhecimento, assim como passou a sentir orgulho e se transformar em militante de políticos fascistas, a demonstrar com isso sua perversidade intrínseca à sua personalidade histriônica, porque dada a paixões irracionais e incontroláveis, a ter como a cereja do bolo a violência.
Por intermédio de um processo dantesco, essas pessoas até então alienadas sobre as questões do País e até mesmo distantes do debate político nacional começaram a participar da vida política brasileira de maneira radical, a deturpar realidades, manipular acontecimentos e a demonizar a quem considerassem opositores de seus valores e crenças, a demonstrar suas paixões incontidas e a repercutir todo tipo de crime por meio de agressões verbais, ameaças, calúnias, injúrias, difamações e muita mentira, a fazer da internet uma terra de ninguém e rede de intrigas, desassossegos e deformações morais a toda prova e assim edificar um sistema poderoso de fake news.
Trata-se de um processo altamente criminoso e gerador de ódios frementes, sendo que essa gente de extrema direita tem como base de sustentação política o trinômio “Deus, Pátria e família”, acrescido de “liberdade”. Porém, como a extrema direita e até mesmo a direita historicamente nunca possuíram programa de governo e projeto de desenvolvimento do País, que o torne soberano e emancipe definitivamente o povo brasileiro, a solução encontrada foi o proselitismo barato, as mentiras intermitentes e a retórica da ameaça, de forma a montar uma teia de conspirações, que tem por finalidade desmoralizar as autoridades constituídas e atacar as instituições democráticas, porque para os golpistas se não for feito desse modo, conquistar a Presidência da República seria uma ambição impossível.
Porém, dar golpes de estado ficou mais difícil, bem como realizar avanços sociais requer muito trabalho, porque dividir renda e riqueza é tema que realmente não agrada a burguesia dona da casa grande e inimiga figadal dos trabalhadores, dos servidores públicos e dos aposentados. Desse modo, a direita passa a se valer desses artifícios capciosos, que passam a ser considerados como propostas políticas para que o lúmpen se concentre em farsas argumentativas e falsos valores, ao invés de realmente se preocupar com emprego, moradia, educação, saúde, segurança e infraestrutura em geral. Trata-se, na verdade, do oprimido que sonha em ser o opressor e se alia àquele que, na verdade, é socialmente e economicamente seu algoz.
Sendo assim, a opção encontrada pelos fascistas apoiados por vastos setores da burguesia brasileira é tergiversar e enganar os ignorantes e imprudentes que se vestem de amarelo, a reviver e propagar o lema "Deus, Pátria e família" inspirado no fascismo italiano e no integralismo português, bem como bastante utilizado pelo integralismo brasileiro, com mais força a partir de 1932, a ser o chefe da Ação Integralista Brasileira (AIB), o político de extrema direita Plínio Salgado, líder, inclusive, da Intentona Integralista, que em 1938 promoveu a invasão do Palácio Guanabara, com o propósito de levar à deposição o presidente Getúlio Vargas.
Agora, e mais uma vez, o Brasil volta a reviver tempos de guerra política, de desinformação e de divisões ferozes que afligem a sociedade brasileira. Tempos dos radicais que atuam e agem no campo político e ideológico da direita e extrema direita, que estão mais poderosas que nos tempos de Plínio Salgado, principalmente a partir do golpe de estado de 2016 contra a presidente trabalhista Dilma Rousseff, que jamais incorreu em crimes de responsabilidade, em um processo autoritário e arbitrário, que causou posteriormente a prisão injusta e surreal de Luiz Inácio Lula da Silva.
Derrotada nas urnas pelo próprio Lula em 2022, a extrema direita brasileira, capitaneada pelo político fascista e entreguista, Jair Bolsonaro, jamais arrefeceu sua fúria e muito menos desejou pacificar o Brasil. Pelo contrário, continuou por todo o País com sua cantilena golpista de propaganda odienta e mentirosa, somada às ações sórdidas, a atacar o Governo Federal e suas principais autoridades, bem como, de maneira intermitente e recorrente, continuou, com extrema agressividade e total falta de respeito, a atacar o Supremo Tribunal Federal — o STF.
E deu no que deu: outra ação extremamente violenta por parte da extrema direita, a ter como autor um “cidadão” brasileiro, oriundo de Santa Catarina, o Estado brasileiro com apenas três por cento da população brasileira, mas proporcionalmente com o maior número de eleitores que votam na direita e na extrema direita, além de também ser uma das três unidades da Federação que têm mais células neonazistas no território nacional.
Para termos uma ideia, Blumenau, com apenas 380 mil pessoas, é a segunda cidade do País com mais células neonazistas, a perder apenas para São Paulo, uma cidade com quase 12 milhões de habitantes, sendo que Curitiba é a terceira nesse pódio inglório e pleno de preconceitos, intolerâncias e violência, com grande maioria composta por eleitores de direita e de extrema direita, como o é também o Estado do Paraná. Esses dados e informações são provenientes do relatório do Observatório Judaico de Direitos Humanos.
Portanto, nada a estranhar que um homem de Rio do Sul, cidade do interior catarinense, que foi candidato a vereador pelo PL, partido dominado pelo bolsonarismo, que acomoda o principal grupo de políticos de extrema direita do País, tenha sido o autor de atos terroristas, a explodir duas bombas poderosas, que irradiaram altos estampidos e causaram transtornos a Brasília, ao Brasil, às autoridades constituídas dos Três Poderes e à rotina das pessoas comuns, que têm de conviver com a violência bolsonarista há muitos anos, que inferniza a sociedade e prejudica a retomada do desenvolvimento econômico. Sem paz não há civilização ao tempo que surge tal qual a um verdugo da sociedade a barbárie.
O nome do terrorista de extrema direita é Francisco Wanderley Luiz, conhecido também como Tiü França. Ele era chaveiro, tinha 59 anos e foi morto pela explosão de bomba, que ele próprio detonou. Ele estava próximo da estátua da Justiça, que fica em frente ao STF, seu alvo preferencial, a ter o ministro Alexandre de Moraes como a referência de seu diabólico ódio.
Obviamente que a ação bélica do bolsonarista é devida à impunidade que afronta a ordem democrática e a civilidade, sendo que tal violência é o substrato das invasões de caracteres golpistas aos palácios dos Três Poderes, que foram literalmente destruídos pela malta bárbara de bolsonaristas inconformada com a derrota eleitoral de seu líder fascista e também golpista Jair Bolsonaro, juntamente com a escória que o acompanhou nessa empreitada malfadada e completamente irresponsável e inconsequente.
A impunidade é a causa principal da violência e do subdesenvolvimento, porque geralmente ela beneficia grupos econômicos e políticos poderosos, geralmente militantes que agem e atuam no campo da direita, porque no Brasil, historicamente, é a direita que conspira e promove golpes de estado, como bem registra e reza a história deste País rico de povo pobre. O ódio ideológico e de classe move essa gente e, com efeito, o resultado é violência e mais violência.
Por isso, é necessário que os poderes constituídos e suas respectivas autoridades se unam por uma causa maior: combater o fascismo, o bolsonarismo, as tentativas de golpe de estado e, consequentemente, fazer respeitar o que apregoa a lei, além de começar a punir severamente com cadeia essas pessoas que se aventuram em tentativas de abolir a democracia, o Estado Democrático de Direito, a ordem democrática e a Constituição de 1988, que é odiada pela extrema direita e pelos ricos em geral, que financiam o golpismo no Brasil.
Está mais do que na hora de julgar os golpistas criminosos e, conforme for apurada a culpabilidade deles, impor a lei, prender os financiadores dos movimentos golpistas e bolsonaristas, encarcerar autoridades civis e militares que participaram da intentona golpista, colocar no xilindró os empresários, inclusive os donos das grandes mídias corporativas, que não deixam o País viver em paz e com desenvolvimento, porque querem impor modelos econômicos neoliberais, mesmo se os candidatos dessa gente ideologicamente brutal e profundamente monetarista perderem as eleições. Um absurdo.
As políticas neoliberais não deram certo em lugar algum e, por sua vez, arrasaram com a luta dos povos pelo bem-estar social, porque paralisaram criminosamente a economia, causaram desemprego em massa, concentraram renda e riqueza, entregaram à iniciativa privada as estatais estratégicas para o desenvolvimento e soberania do Brasil, além de o neoliberalismo acabar com esperança de dias melhores para os trabalhadores e os aposentados, os principais responsáveis pela geração de riquezas de qualquer país.
O presidente Lula recebeu os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin no Palácio da Alvorada, quando trataram de questões quanto à segurança dos Poderes da República, assim como avaliaram, juntamente com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que o projeto de anistia, que tramita no Congresso para beneficiar as pessoas condenadas e presas por causa da tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, perdeu totalmente a credibilidade. Não poderia ser diferente.
E por quê? Ora, cara-pálida, você vai alimentar os ratos com queijo e empestear sua casa? Quer ser vítima de doenças? Pelo contrário, você vai combater os ratos, se livrar de doenças e proteger sua família, sendo que de forma macro, protege-se o País e suas instituições democráticas.
A verdade, como asseverou o ministro Alexandre de Moraes, o ato terrorista, de autoria do bolsonarista Francisco Wanderley Luiz, fortaleceu a tese que as investigações e condenações têm de ser mais rigorosas, bem como a anistia reivindicada por políticos de extrema direita, à frente deles o ex-presidente Jair Bolsonaro, vai escancarar as portas do golpismo e da impunidade. Além disso, urge que as redes sociais sejam regulamentadas, porque como está não dá para ficar, porque se tornaram, sem generalizar, plataformas de desmandos, ameaças e de conspirações golpistas.
A verdade é que anistiar criminosos golpistas é, na realidade, a mesma coisa que alimentar um leão selvagem com as mãos, porque os golpistas bolsonaristas sempre apostaram na desconstrução da ordem democrática, do estado de direito e das instituições democráticas. Explosões de bombas significam o máximo da radicalidade e da barbárie às vidas humanas e à ordem constitucional e institucional conquistada no decorrer de décadas, por intermédio de muita luta de inúmeras gerações de brasileiros.
O ataque trouxe à tona a necessidade de intensificar a vigilância em torno das instituições democráticas. Sendo assim, escrevo neste artigo o que disse com acerto e discernimento o ministro Alexandre de Moraes: "Não existe possibilidade de pacificação com anistia. Sabemos que o criminoso anistiado é um criminoso impune, e a impunidade vai gerar mais agressividade, como gerou ontem".
O ódio se combate com a força da lei e lugar de criminoso é a cadeia. É isso aí.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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