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    Matheus Brum

    Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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    Aos argentinos, minha inveja máxima

    A Argentina se sagrou campeã mundial e Messi virou Deus e os outros jogadores viraram Santos. No Brasil, mesmo se tivéssemos vencido, não seria assim

    Lionel Messi (Foto: Reuters)

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    A Argentina se sagrou campeã mundial neste domingo. Messi virou Deus e todos os outros jogadores do elenco viraram Santos. O país regozija e os ídolos são colocados no panteão do esporte do país. Ídolos, lendas, o estado mais profundo que um ser humano por alcançar nos tempos atuais. 

    E isso me dá uma inveja danada. Sabe por quê? Porque no Brasil, mesmo se tivéssemos vencido a Copa, não seria assim. Teria a festa, haveria muita comemoração. Mas, a partir de amanhã, todos os jogadores voltariam a ser criticados. E criticados por aspectos morais subjetivos, fruto de um conservadorismo arcaico e ridículo que carregamos, inclusive entre as pessoas de esquerda. 

    Vi muito brasileiro(a) comemorando o título da Argentina por causa de Lionel Messi. Me pergunto: se fosse brasileiro ele seria ídolo? Tenho quase certeza que não. Porque arrumaríamos alguma picuinha para criticá-lo. E aqui cito algumas mais prováveis: posicionamento político, cor do cabelo, dança de comemoração de gols, mulher que se relaciona, tipo de carne que come, jatinho que resolve comprar e por aí vai. 

    Nós somos tão conservadores (na pior acepção da palavra) que carregamos julgamentos morais em tudo. E queremos definir o que é a pessoa por esses aspectos, não pelo que a pessoa é na profissão. 

    O argentino tá cagando para o posicionamento político do Messi, que nunca falou abertamente sobre isso. Assim como não ligava para os problemas extracampo de Maradona. Eles são deuses (Messi se tornou um) porque são jogadores de futebol. E eles são amados por isso. O extracampo é algo que cabe a vida particular de cada um e não merece ser assunto público, muito menos alvo de críticas. 

    O grande atraso do Brasil em relação ao futebol, não é tático, ou técnico, é social. É do nosso conservadorismo. Da nossa hipocrisia. Das contradições que existem por aqui, desde que Pedro Álvares Cabral aportou nestas terras e começamos nosso falho e complexo processo civilizatório. 

    Por isso, aos argentinos, minha profunda inveja. E que eles aproveitem o título, as lendas e o mais gostoso que o futebol pode oferecer. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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