Apenas 20% permanecem no Bolsa Família 15 anos depois
Estudo responsabiliza o programa pela redução de 25% da extrema pobreza e de 10% na desigualdade entre 2001 e 2015
A mídia corporativa sempre bateu na tecla da dependência do programa. E como era recente, ainda não tínhamos estudo que comprovasse a nossa tese. Agora há! Que orgulho ter contribuído para colocar o Bolsa Família em pé. Com todas as honras ao presidente Lula que sempre acreditou na eficácia da iniciativa e ao ex-ministro Patrus Ananias, incansável na condução do programa na época mais crítica.
Vinte! 20% dos filhos dos primeiros beneficiários permanecem no Bolsa Família 15 anos depois. Esse importante resultado consta no estudo “Os efeitos do Programa Bolsa Família sobre a pobreza e a desigualdade: um balanço dos primeiros quinze anos”, divulgado pelo IPEA recentemente. https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/9356/1/td_2499.pdf
Gastei muita saliva apresentando argumentos a jornalistas sobre a eficácia do programa, sem sucesso. Nem mostrando os indicadores que tínhamos à disposição à época. Um deles apontava que os beneficiários trabalhavam tanto quanto as pessoas que não eram atendidas pelo programa, mas eram trabalhos precários e com baixa remuneração.
Preferiam acreditar na velha máxima de que o brasileiro é preguiçoso. Logo a elite e a classe média que adoram encostar nas benesses do Estado. Como sustentar uma família com um benefício médio que pouco superava cem reais?
Embora o valor seja baixo, os beneficiários fazem milagres com o pouco de dinheiro transferido. E essa boa aplicação deve-se à escolha das mulheres como recebedora dos recursos. Pela primeira vez, muitas famílias tinham acesso a um valor regular todo mês.
Ação libertadora da pobreza entre gerações
No ministério acreditávamos que aliar a transferência de renda à exigência de frequência escolar, cartão de vacinação e pré-natal em dia era uma ação libertadora, especialmente porque se tratava de famílias que sempre estiveram à margem de políticas públicas. Libertadora do ciclo de pobreza entre as gerações. https://www.gov.br/mds/pt-br/acoes-e-programas/bolsa-familia
O estudo veio comprovar essa tese e acabar com a falácia da dependência e das famigeradas portas de saída. Ele mostra que os filhos dos primeiros beneficiários avançaram em seus estudos, fizeram universidades e estão em postos de trabalho qualificados. Apenas 20% dos descendentes ainda precisam do Bolsa Família.
20 anos de transferência de renda
Quis o destino que ao completar 20 anos, em 20 de outubro, do lançamento do Bolsa Família, Lula estivesse novamente ocupando a presidência da República, depois de enfrentar tantos percalços, tanto ele quanto o programa nas mãos de um inepto como Jair Bolsonaro. Não há resultado mais satisfatório para comemorar a eficiência do programa em seus 20 anos.
O estudo responsabiliza o Bolsa Família pela redução de 15% da pobreza e de 25% da extrema pobreza, além de uma queda de 10% na desigualdade entre 2001 e 2015. Segundo os pesquisadores, os efeitos só não são maiores devido aos modestos valores transferidos pelo programa. Média de R$ 180,00 até 2021.
Benefício mínimo de R$ 600,00
Agora mais robusto, com o mínimo de R$ 600,00 por família, a transferência de renda para a parcela mais pobre da população nos faz acreditar que o Brasil novamente deixará o Mapa da Fome e também será menos desigual. Esse efeito depende, no entanto, da capacidade da gestão municipal em encontrar e incluir as famílias vulneráveis no Cadastro Único, atualizar seus dados e acompanhar esses beneficiários. https://acervo.socioambiental.org/acervo/noticias/brasil-sai-do-mapa-mundial-da-fome-afirma-onu
E nisso até o ex-presidente ajudou. Em sua fúria para se reeleger a qualquer custo propôs um valor de R$ 600,00, apenas até o final de 2022. O programa não sofreu nenhuma correção durante todo o seu governo. Somente no ano eleitoral. Mesmo nesse ambiente político conturbado, o Congresso Nacional acabou aprovando o valor mínimo de R$ 600,00, mais benefícios variáveis por crianças e adolescentes, de forma definitiva, após a eleição de Lula.
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