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    Carlos Castelo

    Jornalista, sócio-fundador do grupo Língua de Trapo, um estilo sem escritor

    113 artigos

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    Apontamentos do Hades

    (Foto: Pixabay)

    I.

    Gal Costa - 76 anos

    Djavan - 73 anos

    Caetano Veloso - 79 anos

    Gilberto Gil - 80 anos

    Rita Lee - 74 anos

    Chico Buarque - 78 anos

    Maria Bethânia - 76 anos

    Milton Nascimento - 79 anos

    Ney Matogrosso - 80 anos

    Em 20 anos, acabou a música popular brasileira. O negócio vai ser ouvir tango.

    II. 

    Não gosto da ideia de monarquia. Sempre me vem à lembrança uma cambada de desocupados, consanguíneos, vivendo com o dinheiro dos impostos. Passei a ver as coisas, depois do passamento de Lilibeth II, de modo diverso. Em especial com meu xará assumindo o Buckingham todo. Explico. Aqui, teoricamente somos uma república. Ótimo, gosto disso. Porém, a fome não cede. Ainda mais com nosso sub-Delfim Netto ditando as regras da economia. Com Carlos III, no entanto, surgiu uma esperança em UK. Com aqueles seus dedões de salsicha frankfurter, o monarca poderá alimentar legiões de britânicos. Basta ficar sentado no trono. Na hora do beija-mão, o cidadão morde o seu pedaço e god save the king. Para gente aprender que nem tudo é ruim sob um reinado. Depende das mãos de quem o rege.

    III.

    Vi poucos filmes do Godard. É porque tenho uma visão peculiar de cinema. Cancelem-me, caso queiram, mas não curto filme-cabeça. Em relação à minha opinião tenho o Lévi-Strauss a meu lado, que achava que a Sétima Arte eram os westerns de John Ford e companhia bela. Coisa épica, aventuresca e de entretenimento. Para não dizer que não gostei de nada godardiano, me agradou a criatividade do documentário Sympathy for the Devil (1968). O resto me deixa acossado.

    IV.

    685 mil mortos por Covid, zero visitas aos túmulos das vítimas. Uma morte de rainha por causas naturais, confirmada ida ao enterro. Entendeu o que é necropolítica?

    V.

    Aos 86 anos, Woody Allen quer fazer um último longa-metragem em Paris e depois se dedicar à literatura. Já está até com a ideia pronta de um romance. E eu, quando lanço três livros num ano, tenho que ouvir: “está com tempo sobrando no trabalho?”. 

    VI.

    No quesito festival de rock, ainda prefiro ficar com a lembrança de Woodstock (o de 69), Monterey Pop e Isle of Wight. O resto passou a ser uma diluição. O Rock in Rio então foi o diluimento da diluição. Justin Bieber como protagonista de show de rock é mais impensável do que Maria Callas cantando funk carioca. Nada menos festivo do que um festival assim. Agora é a vez do Lollapalooza que, mal acabou o RiR (que sigla perfeita!), já está com venda de ingressos aberta.

    VII.

    Roger, da banda Ultraje a Rigor, postou no Twitter insinuação de que a garota, que sofreu violência sexual no Piauí, poderia ter evitado o episódio. "Agora vê se para de meter”, escreveu o vocalista no microblog. Se Roger parasse de cantar, talvez essa possibilidade fosse viável. Mas, pelo jeito, o roqueiro não tem planos de se aposentar tão cedo. Certamente será uma das atrações do próximo RiR - aquele festival com a sigla mais apropriada do mundo.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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