Aqui estão as boas notícias, general!
Colunista Eric Nepomuceno reforça que, segundo o general Luís Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, a imprensa esconde fatos positivos sobre o Brasil. A imprensa destaca, diz o colunista, "as agruras que os profissionais enfrentam a cada minuto pelo desastre que é o governo ao qual o senhor não só pertence, e portanto se faz cúmplice, como defende"
Nesta quarta-feira, o general Luís Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo, despotricou a imprensa.
Disse que os meios de comunicação escondem os casos positivos que estão acontecendo Brasil afora.
E talvez sem querer, deu mostras claras desses casos.
Vamos lá: ele disse o que disse no dia em que os números oficiais de casos confirmados de coronavírus, e de mortos, que sabemos todos que são muito muito muito inferiores aos números reais, se aproximaram, respectivamente, a 45 mil e roçaram os três mil.
Pediu notícias boas quando o sistema público de saúde colapsou no Amazonas e se aproxima em velocidade assustadora do colapso em São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Pediu que os jornais hegemônicos, que tanto contribuíram para que seu chefe, Jair Messias, chegasse onde chegou, e agora são achincalhados por ele dia sim e o outro também, destacassem o “trabalho maravilhoso” dos profissionais de saúde.
Acontece, general Ramos, que esses jornais não apenas destacam esse trabalho como relatam as agruras que os profissionais enfrentam a cada minuto pelo desastre que é o governo ao qual o senhor não só pertence, e portanto se faz cúmplice, como defende.
De resto, cabe registrar outras boas notícias que, essas sim, os jornais não registram, mas que o senhor, com talento único e sem perceber, destacou.
Por exemplo: na entrevista em que reclamou boas notícias, estava ao seu lado o ministro de Turismo que tem nome de ator de rádio novela, um sacripanta chamado Marcelo Álvaro Antônio.
E qual a boa notícia para essa nulidade olímpica?
Que seu laranjal continua vicejando, intocável, graças à falta de ação não apenas de uma corte suprema lotada de poltrões, mas a uma Polícia Federal controlada por outro sacripanta chamado Sérgio Moro.
Outra boa notícia: o empresário de saúde privada, Nelson Teich, que assumiu o ministério de Saúde tendo do sistema público o mesmo conhecimento que tenho eu do idioma sânscrito (sei que existe, mas não tenho ideia de como é), concedeu uma coletiva.
Não disse nada de concreto, exceto uma coisa: anunciou que o secretário-executivo, ou seja, o segundo na hierarquia do ministério, será o general Eduardo Pazuello. Disse que foi escolha pessoal dele.
Bem: dizer que foi escolha pessoal dele é tão verdadeiro como eu dizer que Mariana Ximenez está me chamando com urgência para me juntar a ela no chuveiro.
Para essa figura lúgubre (por favor: o ministro, não a Mariana!!), o servilismo parece tão natural como respirar.
A boa notícia, no caso, é para o general Pazuello. Ganhou um reforço na aposentadoria, e agora terá outra coisa a fazer além de nada.
Para o país, uma tragédia. Afinal, Pazuello sabe de saúde pública o que sei de Mariana Ximenez: que existe, e ponto final.
Meditou ainda o empijamado general Ramos: como se sente a população diante da divulgação de informações negativas?
Ora, ora, general: as pessoas sentem-se exatamente como deveriam sentir-se. Desamparadas, tendo na poltrona presidencial um psicopata cercado de aberrações como um ministro de Relações Exteriores que diz que a pandemia é coisa de comunista, e vamos parar por aqui, que o quadro é tenebroso. E pior: vai se agravar mais e mais.
O novo ministro da Saúde começa a deixar claro a que veio: a nada.
Eu fico pensando no que faria, diante deste quadro tenebroso que vivemos, não um civil, um dirigente partidário, mas um militar, esse sim, decente, e que se chamava Henrique Teixeira Lott.
Faça uma consulta ao dr. Google, general Ramos.
E mostre o resultado a essa milicagem toda que está à sua volta e à volta do demente presidente.
E morram de vergonha pelo que vocês são, se é que sabem do que estou falando, e de medo.
Esta a outra boa notícia para essa laia: já não se fazem mais militares como o marechal Lott.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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