Argentinos estão ‘cansados’ das medidas de Milei
"A realidade hoje é mais cruel do que as promessas (cumpridas) dos discursos de palanque", escreve Marcia Carmo
O presidente da Argentina, Javier Milei, está com a popularidade em queda, de acordo com cinco pesquisas de opinião divulgadas nesta terça-feira. Os levantamentos mostram que os argentinos estão cansados, nove meses após a posse de Milei. Cansados do arrocho, que provocou perda salarial, incremento da pobreza e forte aumento nas tarifas dos serviços públicos.
O analista Alejandro Catterberg, da Poliarquia Consultores, de Buenos Aires, que realizou uma das pesquisas, disse que a imagem de Milei e de seu governo tiveram “a pior queda” desde o início da gestão atual na Casa Rosada e que os argentinos “trocaram a preocupação pela inflação pelo medo a perder o emprego”. Já o analista Facundo Nejamkis, da Opina, também de Buenos Aires, disse que a queda do apoio ao governo (de 47% para 41%) ocorre porque a reativação econômica “não aparece”. Ao contrário. Nos primeiros seis meses deste ano, a economia desabou 3,4%.
O país está em recessão e deverá registrar a maior retração do Produto Interno Bruto (PIB) entre os países da América Latina, segundo a CEPAL, órgão das Nações Unidas. Nesta terça-feira, em seu primeiro discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas, Milei manteve seu estilo e criticou o organismo e o socialismo - um de seus alvos preferidos desde os tempos de sua campanha. Um dia depois de seu terceiro encontro, em cinco meses, com o empresário Elon Musk, Milei dissse que a ONU “impõe uma agenda socialista” no mundo. E ratificou que a Argentina se desligou da Cúpula do Futuro.
Ele é contra a preocupação internacional com a mudança do clima, contra a erradicação da pobreza, contra a igualdade de gênero….Mas agora os eleitores dão sinais evidentes de que são contra seu arrocho. Ele está implementando o que disse na campanha. “Milei não mentiu, mas agora as pessoas estão sofrendo as consequências”, disse o Prêmio Nobel da Paz, Pérez Esquivel, na recente entrevista ao Brasil 247. A realidade hoje é mais cruel do que as promessas (cumpridas) dos discursos de palanque.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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