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    Hildegard Angel

    Jornalista, ex-atriz, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do militante político Stuart Angel Jones

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    Artistas brasileiros se unem contra o fascismo no cio

    "A extrema direita produz monstrengos que se reproduzem silenciosamente e estão por toda a parte", enfatiza a colunista Hildegard Angel, se referindo ao ataque terrorista contra a produtora do Porta dos Fundos. Segundo ela, um grande grupo de artistas e produtores culturais saiu em campo para organizar uma reação

    Porta dos Fundos (Foto: Divulgação)

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    Por Hildegard Angel, para o Jornalistas pela Democracia

    A impunidade gerou o ataque terrorista de neofascistas com bombas de coquetel Molotov contra a sede do Porta dos Fundos. O mesmo grupo já tinha realizado um ataque contra a Unirio, roubando e queimando faixas antifascismo da fachada da universidade, e ficou por isso mesmo. 

    A extrema direita produz monstrengos que se reproduzem silenciosamente e estão por toda a parte. Aos finais de semana, o Movimento Integralista mostra suas caras horrendas, cheias de empáfia e em postura de desafio, na Praça da República em São Paulo. É revoltante e assustador. É o fascismo em estado puro, na sua versão brasileira integralista monarquista. Dizem defender os valores cristão, mas a estética do vídeo patético em que assumem o atentado é inspirada no Estado Islâmico. 

    É necessária ação contundente dos setores democráticos, pressionando por providência contra esses fanáticos criminosos. A Mídia Ninja divulgou o manifesto desses fundamentalistas assumindo o atentado, e suas imagens. Houve vários apelos para que as retirassem do ar, e não compartilhassem o vídeo, para que a divulgação não tivesse o efeito reverso de propagar a ação do grupo, empoderando o imaginário de que todos podem praticar atentados. Mas Inês já era morta, com milhares de compartilhamentos das imagens forte, que impede o fato de ser ignorado. 

    A primeira preocupação da tribo da Cultura foi saber em que mãos policiais cairia a investigação do ataque. Caiu em mãos brandas, que não viram no atentado qualquer conotação terrorista, apenas uma tentativa de homicídio. Por que essa conclusão? Por acaso nesse grupo há inimigos do porteiro do prédio? Poderão dizer que, por serem poucos, esses quatro ativistas são inócuos. Porém, a palermice é altamente contagiosa. Recentemente, surgiu o MBL com meia dúzia de apatetados, que logo ganhavam coluna na Folha e cadeiras na Câmara. 

    O ato sórdido foi estrategicamente pensado para acontecer na madrugada do Natal, num período de férias coletivas, de indultos tortos e de Congresso fechado, impedindo os deputados pró-cultura, como a intrépida Jandira Feghali, de se manifestarem em plenário. O que não impede Jandira de estar articulada com um grande grupo de artistas e produtores culturais, que desde o primeiro momento saiu em campo para organizar uma reação. A SBAT divulgou nota de repúdio. Idem, o Instituto dos Advogados Brasileiros e a OAB. Com a Academia Brasileira de Letras em recesso até março, o imortal Geraldo Carneiro se prontificou a escrever um manifesto contra a cultura do terror. Gregório Duvivier, o Jesus do vídeo que os integralistas excomungam, estuda ações junto à Comissão Arns, e propõe a participação efetiva de toda a mídia, inclusive de programas de entrevista de grande repercussão, como o de Fátima Bernardes, para denunciar essa violência. Um ato será convocado para janeiro, pelos próprios integrantes do Porta dos Fundos. 

    Ataques de radicais estão pelo mundo todo. Não faz muito, o semanário de humor francês Charlie Hebdo foi vítima de um massacre, por um grupo islâmico, em retaliação contra uma charge representando Maomé. A reação levou o Presidente da República a sair às ruas de braços dados com vários chefes de Estado. Aqui, se formos esperar apoio do Presidente, este será para os que atacam, ofendem, denigrem, proíbem, massacram. Contamos apenas com as forças democráticas, cada vez mais intimidadas e em menor número. O obscurantismo polui, asfixia o ambiente, intoxica e contamina cada vez mais. 

    Hoje, ao acordar, ouvi mais uma vez a Geni de Chico. E mais uma vez eu me comovi. Uma receita para essa escuridão que se fecha sobre nós é ouvir e ler Chico Buarque, nosso poeta maior, nosso privilégio, nossa glória viva. Com direito a um altar com a estatueta de Chico, onde seja possível lhe levar flores todos os dias. 

    A beleza, a poesia, o amor ao próximo são mensagens da nossa Resistência, e também do Jesus Menino, o que esses cristãos mensageiros da maldade certamente desconhecem. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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