As diferenças entre Aécio e Marina
No confronto com a imagem austera de Dilma e de sofredora de Marina, evidentemente que Aécio leva desvantagem nas regiões menos abastadas do país
A análise de dois diretores do Datafolha publicada no UOL indica que o ataque sofrido por Marina começa a surtir efeito. A questão que fica é por qual motivo o mesmo expediente utilizado pelos tucanos em MG não gera o mesmo resultado?
A hipótese que levanto é que Aécio começa a se tornar uma âncora excessivamente pesada.
A hipótese nasce dos dados apresentados pelos mesmos diretores do Datafolha a respeito do potencial eleitoral dos três principais candidatos à Presidência. Dilma e Marina giram entre 28% e 39%. Aécio entre 12% e 19%. A diferença é brutal.
Aécio nunca se revelou um candidato com ingresso em regiões mais carentes do país. Não conseguiu pisar no Nordeste. Gaudêncio Torquato insiste que nesses territórios o que motiva o voto é a emoção. E aí reside outro problema da figura de Aécio: ele não emociona. Sua imagem o aproxima muito do reflexo de um yuppie. No confronto com a imagem austera de Dilma e de sofredora de Marina, evidentemente que Aécio leva desvantagem nas regiões menos abastadas do país.
Feche os olhos e reflita sobre o que a imagem dos três projeta no eleitor mais pobre. Se pensarmos que o que conta é a segurança e esperança, qual dos três projetaria estes atributos? Aécio projeta segurança em relação ao futuro dos pobres? Projeta esperança de uma vida melhor? Ou suas promessas chegam vagas e abstratas em demasia?
Por ser mineiro, a aura de poderoso que mantinha em seu Estado vai se desgastando e, em certa medida, envergonhando seus conterrâneos. Não acredito que o eleitor mineiro – como sugere um recente ensaio publicado nas redes sociais – não conhecesse o senador mineiro. Acredito que o impacto negativo da surra que o conterrâneo está levando é mais forte.
Talvez por aí tenhamos uma pista para entender as dificuldades de posicionamento de Pimenta da Veiga. Teve que se reapresentar ao eleitor mineiro, enquanto seu adversário direto já era conhecido. Sofreu problemas de financiamento, semanas depois de ter promovido muito barulho nas ruas de Belo Horizonte. Mas tudo poderia ser superado se seu padrinho não tivesse gerado vergonha alheia. Justamente o principal fator que levava os membros do comitê tucano a garantirem potencial eleitoral de Pimenta – o apadrinhamento de Aécio Neves – começa a ser o lastro que o segura, talvez definitivamente.
Do comitê de Pimenta saem ameaças de dossiês e denúncias pesadas contra Pimentel. A questão é que temos 22 dias para o fim do horário eleitoral gratuito em rádio e televisão. Quanto mais próximo deste dia, mais o ataque brutal será percebido como desespero. Afinal, o eleitor já humilhado com o desempenho de seu ex-governador, pensará por qual motivo algo tão sério não teria sido divulgado antes. E não encontrará resposta.
Na televisão, a estratégia dos dois principais adversários é diametralmente oposta. Enquanto o candidato tucano ataca cada vez com mais agressividade, o candidato petista evita ataques (deixando o “trabalho sujo” para as ações de rua e redes sociais).
De qualquer maneira, o ataque desesperado será o último cartucho da campanha de Pimenta da Veiga. Nas redes sociais, a baixaria já começou. E não surtiu nenhum efeito positivo entre os eleitores. Temo que vivenciemos nos próximos dias o abraço dos afogados.
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