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    Maurício Abdalla

    Professor de Filosofia da UFES, escrito e Educador Popular. Candidato a deputado estadual pelo PT do Espírito Santo.

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    As empresas de mídia e o bolsonarismo

    Sem a direita "limpinha e cheirosa" , resta aos grandes capitalistas aceitar o governo de centro-esquerda de Lula ou juntar-se ao chorume político disponível

    (Foto: LULA MARQUES)

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    Há uma movimentação da mídia corporativa para buscar no campo bolsonarista uma alternativa a Lula, visto que o trabalho sujo realizado pela direita liberal no Brasil para realizar o Golpe de 2016 a destruiu como alternativa viável de poder e a fez refém da extrema-direita fascista.

    Sem a direita "limpinha e cheirosa" do PSDB, resta aos grandes capitalistas aceitar o governo de centro-esquerda de Lula (sempre pronto a agradá-los) ou juntar-se ao chorume político disponível, resultante da mistura do crime organizado, fundamentalismo religioso, patriarcalismo, moralismo hipócrita, violência e autoritarismo civil e militar com a cultura política pré-moderna de boa parte dos brasileiros. 

    Nossa elite econômica, ou a maioria que realmente controla a política, é ingrata e voraz. Não quer muito: quer tudo. Por mais que o Governo Lula a tente agradar, ela jamais o apoiará. Até porque, boa parte dela é formada pelos beneficiários do tráfico de drogas, armas, animais e pessoas, da contravenção, contrabando, garimpo e extrativismo ilegal, unida ao agronegócio predatório, mineradoras, petrolíferas, indústria de fármacos, banqueiros e especuladores etc. Tudo gente que detesta regras, leis e Governos com auto-determinação.

    O dinheiro de toda essa gente, tanto o limpo como o sujo, se mistura e se transforma em um único capital, cuja reprodução depende, hoje, do controle das contas públicas e da ausência total de regras ecológicas ou humanitárias para sua multiplicação. Quem melhor para isso do que nossa extrema-direita inescrupulosa, negacionista e violenta?

    As empresas de mídia não são “imprensa”. São megacorporações cujo capital está mesclado com os outros legais e ilegais. Também dependem das mesmas coisas que as outras corporações.

    Mesmo que o bolsonarismo ataque a imprensa livre, isso só afeta os trabalhadores das empresas de mídia, os jornalistas que são vilipendiados e agredidos e os que anseiam por um jornalismo decente, que não seja mera mercadoria para reprodução do capital.

    Assim, as empresas de mídia – que aparecem no mundo que vemos como “imprensa” – podem buscar um “bolsonarismo moderado” ou até apoiar um fascismo de censura e ataque às liberdades sem caírem em contradição. Pois, além das aparências, são apenas empresas que querem multiplicar seus lucros sem nenhum escrúpulo ou consciência social, humana e ecológica.

    Não se espantem, portanto, com os movimentos da mídia e direção à extrema-direita mais uma vez. Não pensem que ela está se enganando, criando corvos para comer seus olhos: quem os criam são os jornalistas que toleram o bolsonarismo e fazem o trabalho de pistolagem para seus patrões. Já os donos e acionistas das grandes corporações de mídia, esses sabem muito bem o que fazem.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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