As pequenas empresas e o paradoxo do PIB brasileiro
É fundamental compreender os desafios que limitam o crescimento das MPE e por qual razão é crucial promover sua ampliação.
As micro e pequenas empresas vivem uma realidade paradoxal no Brasil. De um lado, o Índice de desempenho econômico das Pequenas e Médias Empresas revela que, em 2023, esses negócios registraram um crescimento de faturamento duas vezes maior que o do Produto Interno Bruto (PIB), alcançando uma elevação de 7%. Ao mesmo tempo, os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontam que oito em cada dez empregos formais criados na economia estavam nas micro e pequenas empresas. Sem falar no fato de que os pequenos negócios representam cerca de 95% de todos os CNPJs do país.
Entretanto, esses dados extremamente positivos contrastam com a realidade, contrária a das principais economias do mundo, onde os pequenos negócios têm uma participação decisiva no PIB. No Brasil, as MPE representam apenas 30% do bolo da nossa economia. Para se ter uma ideia do quanto essa contribuição ainda é modesta, podemos citar os Estados Unidos, onde essas empresas respondem por cerca de 50% do Produto Interno Bruto, ou ainda da França, onde os pequenos negócios representam aproximadamente 60% de todas as riquezas produzidas no país.
Diante desse cenário, é fundamental compreender os desafios que limitam o crescimento das MPE e por qual razão é crucial promover sua ampliação.
Um dos principais obstáculos enfrentados pelas pequenas empresas brasileiras é o ambiente regulatório burocrático e complexo. Abrir e manter um negócio no Brasil é algo normalmente oneroso e demorado, o que acaba desencorajando potenciais empreendedores. Apesar dos avanços, ainda há muito a ser feito para simplificar os processos e reduzir a burocracia.
Outro fator complicador é a dificuldade de acesso a crédito. As MPE têm uma dificuldade histórica para acessar financiamento a taxas favoráveis devido à falta de garantias ou histórico de crédito limitado. Isso é um desestímulo ao investimento e ao crescimento dessas empresas, sem falar nas taxas de juros que ainda são praticadas no mercado. O custo do dinheiro no sistema financeiro brasileiro alcançou um nível inadmissível para a realidade de um país com inflação controlada. Mesmo a sequência de cortes praticada pelo Banco Central ainda não foi suficiente para trazer os juros a um patamar aceitável.
Além disso, a dificuldade em investir em tecnologia e inovação reduz a produtividade das MPE, criando obstáculos à sua competitividade no mercado global. A falta de acesso a mercados internacionais e cadeias de suprimentos também limita o crescimento potencial dos pequenos negócios.
Para aumentar a participação das MPE no PIB brasileiro, é essencial que o país adote uma abordagem abrangente que contemple essas questões fundamentais. Isso inclui simplificar o ambiente regulatório, facilitar o acesso a crédito e financiamento a taxas compatíveis, promover a inovação e a adoção de tecnologia, facilitar o acesso a mercados internacionais e cadeias de suprimentos, e fornecer apoio à capacitação e formalização dos empreendedores.
Investir na ampliação da participação das MPE no nosso PIB não apenas vai impulsionar o crescimento econômico do país, como também promoverá a inclusão social, criando empregos e estimulando a inovação. O Sebrae e o governo federal estão atentos a essas necessidades e buscam a implementação de políticas públicas que criem um ambiente mais favorável à atividade empreendedora, permitindo que os pequenos negócios alcancem seu pleno potencial e contribuam de forma significativa para o fortalecimento da nossa economia.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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