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    Denise Assis

    Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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    Ato no Planalto e abraço à Praça dos três Poderes, para lembrar 8 de janeiro

    "A decisão de marcar a data com cerimônias e ato é bem-vinda. A democracia merece ser permanentemente cultivada e reverenciada", diz Denise Assis

    Estátua do STF 'A Justiça' vandalizada no 8 de Janeiro de 2023 (Foto: Joedson Alves/Agência Brasil)

    No dia 8 de janeiro de 2023, quando os brasileiros ainda terminavam o almoço dominical, cenas de violência arrebatadoras e impactantes começaram a surgir nas telas de celulares e TVs ligadas país afora. 

    Organizados por uma sucessão de tentativas de golpes que impedissem a posse do presidente recém-eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, os inconformados com a derrota nas urnas em 30 de outubro de 2022, dia do segundo turno da eleição –, Jair Bolsonaro e seus generais e oficiais amestrados -, orquestraram a insatisfação sob a forma de reações violentas. Naquele domingo, misturados ao populacho vestido de verde e amarelo, os “Kids pretos” (militares da tropa especial do Exército Brasileiro) e hordas de golpistas coordenados por eles, protagonizavam na Praça dos Três Poderes o último e derradeiro ato de desespero: a depredação dos prédios públicos onde funcionam os três poderes. O Congresso, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal foram invadidos, alagados e estilhaçados. O golpe foi revertido. A data (que deveria entrar para o calendário de efemérides nacionais), será lembrada em cerimônia no Planalto.

    O dia (08/01) cai na próxima quarta-feira, ocasião em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de cerimônia para marcar a passagem daqueles episódios. 

    Ao longo de todo o dia 8 haverá eventos, como a entrega de obras de arte restauradas no Palácio da Alvorada e na Suíça, além de descerramento do quadro As Mulatas, de Di Cavalcanti. Por fim, num ato simbólico que está sendo convocado pelo Partido dos Trabalhadores, (PT), haverá um abraço à Praça dos 3 Poderes.

    O 1º Momento da celebração será na Sala de Audiências, do Palácio do Planalto, às 9h30, com a reintegração de obras de arte - relógio do século XVII e ânfora - tidos como símbolos da dificuldade e delicadeza dos reparos, dos objetos que constituem exposição permanente do Palácio. O relógio foi consertado na Suíça, sem custo para o governo brasileiro. Também será comunicado o fim do processo do restauro, com a entrega de 21 obras recuperadas no Palácio da Alvorada e o relógio, presente de D. João VI, ao Brasil, reconstituído na Suíça. A imagem de um homem com a cara de Bolsonaro estampada na camiseta preta, despedaçando a peça rara com um extintor de incêndio eternizou o vandalismo ocorrido naquele dia.

    Uma segunda cerimônia, que está sendo chamada de 2º Momento, ocorrerá no 3º andar do Palácio do Planalto, às 10h30, onde será feito o descerramento da obra “As Mulatas”, de Di Cavalcanti. O quadro, que reproduz a cena de mulheres trabalhando, recebeu vários golpes. A tela foi alvo de perfurações e agora é entregue recuperada. Cinco alunos do Projeto de Educação Patrimonial entregarão ao presidente Lula réplicas que produziram da ânfora e de As Mulatas.

    O 3º Momento será uma cerimônia com a presença de autoridades, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, às 11h.

    O 4º Momento será o Abraço da Democracia, na Praça dos 3 Poderes. Trata-se de um ato simbólico com a participação do presidente Lula após o evento do Salão Nobre. O presidente descerá a rampa do Palácio do Planalto com as principais autoridades e encontrará o público para esse abraço.

    Participarão da cerimônia autoridades dos 3 Poderes, além de integrantes do Ministério da Cultura (MinC), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Embaixada da Suíça, além de movimentos sociais.

    Talvez, dentre eles, esteja a figura do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Para quem não se lembra, era quem deveria coordenar a ação da Polícia do DF, para reprimir o movimento, mas não só não atendeu a uma série de telefonemas desfechados pelo então ministro da Justiça, Flávio Dino, como disse que estava dormindo, enquanto a coluna de golpistas se deslocava, protegida pela PM-DF, do governador Rocha. Havia um plano de segurança que previa o fechamento da Praça – onde, já se sabia, ao longo da semana -, haveria o desenrolar do terror. Mas Ibaneis Rocha deu ordem para que a praça fosse aberta.

    Desde essa tentativa fracassada de golpe de estado, último ato de uma tragédia em vários atos que previa, inclusive, o assassinato do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, o seu vice, Geraldo Alckimin e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, a Praça dos Três Poderes já foi palco de mais uma cena de violência. No dia 13 de novembro, um dos “patriotas” seguidor do “mito”, se matou de frente para o STF, depois de tentar explodir bombas na entrada do prédio.

    Uma divisão de inteligência foi criada após o ato do extremista e pode se tornar permanente, conforme informou o governo do Distrito Federal (GDF). Uma estrutura para funcionar até 12 de janeiro havia sido planejada, visando monitorar a capital da República durante o dia 8, durante as comemorações da preservação da democracia, que agora completa dois anos, desde a invasão das sedes dos Três Poderes por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

    Segundo o GDF, esse tipo de núcleo de inteligência com agentes de segurança de diversos órgãos locais e federais costumava ser formado antes de grandes eventos, como o 7 de setembro, por exemplo, permanecendo ativo por até 48 horas. Porém, após o episódio com o apoiador do ex-presidente Bolsonaro em frente ao STF, decidiu-se manter a estrutura até depois do 8 de janeiro de 2025. De acordo com o secretário executivo de Segurança Pública do GDF, Alexandre Patury, os resultados da estrutura têm sido positivos, o que levou à discussão sobre a manutenção da estrutura, tornando-a permanente. 

    Além da morte de Francisco Wanderlei Luiz, no dia 13 de novembro, no último domingo de dezembro de 2024, (dia 29), a Polícia Civil do DF prendeu um homem de 30 anos que, segundo as investigações da Divisão de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento (Dpcev), pretendia cometer atentados violentos em Brasília. A divisão contra o extremismo reúne servidores de órgãos como o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, as polícias do Senado, da Câmara, do STF, e das Polícias Federal (PF) e Rodoviária Federal (PRF), além da Secretaria de Segurança do DF. A célula de inteligência montada tem realizado varredura nas redes sociais e jornais, além de checar denúncias anônimas.  

    A decisão de marcar a data com cerimônias e ato é bem-vinda. A democracia merece ser permanentemente cultivada e reverenciada. A data, como dito acima, deve passar a constar do calendário de comemorações nacionais. E, só para lembrar: sem anistia!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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