Big Techs: o poder sem limites levará o mundo ao fascismo
"Risco da hiperconcentração econômica, nas mãos de quatro Big Techs, sem nenhum controle público sobre elas, é alarmante", escreve Arnóbio Rocha
A adesão definitiva de Zuckerberg ao fascismo de Trump expõe os riscos das redes sociais.
A grande revolução do capitalismo, aquela que derrotou as sociedades do Leste, foi a revolução tecnológica. Um processo de desenvolvimento assombroso que teve vários saltos, iniciados na metade dos anos 1960, impulsionado pelo dinheiro fácil da corrida espacial, enormes investimentos em comunicações, infraestrutura de telecomunicações e o surgimento da microeletrônica e sua derivação de software. Quase tudo era usado na indústria militar, mas rapidamente se converteu em uso civil.
Um conceito de desenvolvimento não apenas baseado em ciência pura, mas em seu desdobramento tecnológico, foi trazido para uso intensivo em todos os ramos da indústria: carros mais modernos, mais rápidos, mais seguros, com menor consumo de petróleo (não menos poluentes); nos setores de serviços, especialmente nos bancos, bolsas e comércio; e chegou às residências com os computadores pessoais no final dos anos 70, se massificando em menos de 20 anos. Isso criou um padrão de vida diferente, que varreu, inclusive, o Muro de Berlim, na mais letal e direta propaganda de “liberdade”.
A virada dos anos 2000 veio com a crise das empresas de tecnologia, provocada pelos ganhos desenfreados e especulativos: a bolha tecnológica derrubou grupos seculares e consolidados com uma primeira geração de tecnologia, abrindo espaço para novos grupos, mais ligados a novas formas de comunicação, que romperam com os parâmetros anteriores. A grande massa humana deixou de ser espectadora e passou a ser ativa comunicadora, em formas embrionárias das redes sociais. O salto definitivo ocorreu com a revolução dos novos celulares, com alta qualidade para enviar e receber textos, vídeos e fotos, tornando-se comunicadores pessoais em qualquer lugar.
Por trás desse novo comportamento, surgiram as chamadas Big Techs, um pequeno grupo fechado de quatro ou cinco empresas que, em menos de uma década, se tornaram o “core” do capitalismo, pari passu com o sistema financeiro, numa simbiose de poder, controle e ideologia. Essa combinação é letal para as liberdades e garantias individuais, mas se apresenta como o oásis da LIBERDADE. É fácil dizer que nunca se teve tão pouca liberdade como agora, com tendência a piorar muito com a introdução massiva da Inteligência Artificial, que absorve completamente nossos conhecimentos, hábitos e modo de vida, sendo manipulados por grupos tecnológicos com tendências neofascistas.
Personagens obscuros como Elon Musk, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos sustentam fascistas como Trump, Bolsonaro, Orbán e Milei — pessoas desprovidas de qualquer resquício de valores civilizatórios, humanos e éticos. Eles desprezam a vida, a democracia, o meio ambiente e padrões éticos de verdade. Aceitam como “liberdade de expressão” discursos de ódio, desprezo contra as mulheres, ataques raciais e sexuais, distorções religiosas e manipulações de governos, fustigando-os com fake news de livre circulação em suas poderosas redes.
O risco da hiperconcentração econômica, nas mãos de quatro Big Techs, sem nenhum controle público sobre elas, é alarmante. Ao contrário, são elas que determinam o que o poder público pode ou não fazer. Isso cria uma perspectiva de sociedade nos mesmos moldes do nazifascismo. Os governos locais perdem a capacidade política e econômica de impor qualquer limite, pois já não possuem a chamada SOBERANIA, especialmente a SOBERANIA DIGITAL.
Essa é a nossa tragédia. As Big Techs são maiores e mais fortes do que o poder religioso, por exemplo. Elas sabem quem somos, o que fazemos, conhecem nossos “pecados” (mais do que padres e confessores), nossas idiossincrasias, aprendem tudo sobre nós, controlam nossos desejos, impulsos e vícios com jogos de azar. Sabem de nossos limites humanos, exploram-nos e ainda nos convencem de que tudo isso é em nome da LIBERDADE.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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