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      Alex Solnik

      Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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      Bolsonarismo é um projeto de teocracia evangélica

      "O que eles querem é transformar o Estado Democrático de Direito numa ditadura religiosa, na primeira teocracia evangélica do mundo", diz Solnik

      Silas Malafaia, Jair e Michelle Bolsonaro (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

      Fala-se muito e com razão que o bolsonarismo é uma ameaça ao Estado Democrático de Direito, mas isso não é tudo; ele também é uma ameaça ao Estado laico, o que ficou mais evidente na Avenida Paulista, no discurso de Michelle Bolsonaro, a mais ousada porta-voz da vertente religiosa do movimento, no qual Bolsonaro é o senhor as armas e ela, a senhora das almas.

      “O Brasil é do Senhor” bradou ela, afrontando a todos nós que sabemos que o Brasil é dos brasileiros. “Eu creio em Deus todo poderoso capaz de curar nossa nação”, insistiu nessa ofensa a todos nós que construímos a nação e curamos nossas dores todos os dias.

      Bastam essas duas frases para perceber que não se trata apenas de eleger Bolsonaro, o projeto é muito maior do que isso. 

      É um projeto de poder que começou em 1989, quando Fernando Collor de Mello pediu apoio a Edir Macedo na eleição presidencial, e em contrapartida abriu as portas da política para ele e sua Igreja Universal do Reino de Deus. 

      Na festa da posse, a certa altura Edir tirou os sapatos, ficou só de meias. “Temos que pisar com os pés o território que queremos conquistar”, explicou ao seu acompanhante, um ex-deputado federal.

      Hoje, Edir é dono de um partido, o Republicanos, e seu líder é candidato a suceder Lira na presidência da Câmara.

      O objetivo de demolir o Estado laico ficou patente no formato do ato infame, convocado por religiosos, mais precisamente pelo líder evangélico Silas Malafaia, e não por políticos. 

      Os políticos ficaram a reboque dos pastores. Políticos-pastores ou pastores-políticos? A simbiose é tal que não dá para saber onde termina um e começa outro. 

      O poder que eles almejam não é eleger um presidente da República por quatro ou oito anos, submetido aos parâmetros da Constituição Federal, dentro das regras que nos guiam desde a Proclamação da República e depois ir para casa.

      O que eles querem é transformar o Estado Democrático de Direito numa ditadura religiosa, na primeira teocracia evangélica do mundo.  

      Essa é a forma mais fácil de manter o poder. 

      Se a nação é do Senhor, o presidente é seu representante, e todos têm que obedecê-lo. Quem desobedece ou desafia o Senhor tem que ser castigado e quem o louva será premiado com a vida eterna. 

      Se a Nação é do Senhor, a Bíblia é a constituição do país.

      Se a Nação é do Senhor não há porque haver eleições.

      A primeira tentativa, com Bolsonaro à frente, fracassou. Mas tudo indica que eles não pretendem desistir.

      Conceder isenção fiscal a igrejas só fortalece esse projeto de poder.  

      Anistiar os golpistas de 8/1, também.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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