Bolsonarismo moderado é herdeiro da falecida Arena Jovem
"A tentativa faz parte de um velho samba-enredo da Velha República, onde tudo muda para que nada mude", diz Paulo Moreira Leite
Estou preocupado com bons amigos que descobriram uma nova força política no país -- o bolsonarismo moderado.
Tenho ouvido essa expressão em conversas durante o jantar, na argumentação em rodas políticas, em conversas familiares, e mesmo em comentários políticos.
O que se procura é traçar uma linha divisória na nefasta família política que, saindo dos porões da ditadura militar, conseguiu constituir uma aliança com o empresariado mais reacionário, a classe média ressentida com o avanço das reivindicações populares nos governos Lula-Dilma e, num momento devastador para a democracia, conseguiu vestir a faixa da Presidência da República, com as consequências ruinosas que não é preciso detalhar aqui.
Derrotadas mas não vencidas em definitivo pela campanha de 2022, as famílias bolsonaristas se reagrupam para tentar um retorno, sem distinção de princípios ou ideologias. O que importa aqui é alcançar o poder de Estado, enfraquecer as garantias democráticas e retomar a velha guerra de cima para baixo contra os direitos e conquistas que o povo assegurou ao longo da História.
Na conjuntura atual, com tantas batalhas decisivas pela frente -- a começar pelo julgamento do próprio Bolsonaro -- a moderação constituiu uma fantasia indispensável para personagens que querem permanecer no palco sem prestar contas à plateia. A tentativa faz parte de um velho samba-enredo da Velha República, onde tudo muda para que nada mude. Já vimos esse filme e conhecemos a cena final.
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