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Alex Solnik

Alex Solnik é jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais "Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A guerra do apagão" e "O domador de sonhos"

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Bolsonaro acabou e Marçal está assumindo seu lugar

Ele é mais letal contra Boulos e Lula

Pablo Marçal (Foto: Reprodução/YouTube/Roda Viva)

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A direita nunca foi um movimento de massas no Brasil, com exceção do integralismo, que tentou sê-lo, mas não conseguiu. Houve, é verdade, alguns expoentes populistas, dos quais o exemplo mais bem sucedido foi Jânio Quadros, havia “janistas”, mas o “janismo”, cujos pilares eram “varrer a corrupção”, proibir lança-perfume, exigir maiôs recatados nos concursos de miss, dentre outras diretrizes ridículas, acabou prematuramente, quando o líder renunciou à presidência depois de nove meses de mandato. 

Durante a ditadura militar, a direita nunca foi às ruas, nunca teve arroubos de culto à personalidade, o máximo de populismo que se viu foi o general Médici no Maracanã com seu radinho de pilha colado ao ouvido. 

Os caras de direita faziam questão de ficar escondidos, ninguém se dizia de direita para não ser alvo de chacotas, os próceres da direita eram cultos, alguns até faziam poemas. Quem levava às massas à rua era a esquerda, apesar da repressão implacável.

Quem mudou esse quadro foi Jair Bolsonaro. Atuando no vácuo criado pelo fim do ciclo de governos petistas, ele deu um novo gás à direita, apoiado, sobretudo, nas redes sociais e na insatisfação popular acumulada desde 2013. 

Ninguém precisava sair de casa para encontros da direita, bastava clicar no computador. Ninguém se expunha, enquanto em meio ao silêncio e à ignorância, Bolsonaro ganhava adeptos, sobretudo na classe média, historicamente desprezada pela esquerda.

INELEGÍVEL PARA SEMPRE

Seu governo, no entanto, foi uma grande porcaria em todos os sentidos, culminando com a tentativa do golpe de estado à la Brancaleone, o que enterrou, definitivamente, seu futuro. Apesar das muitas reclamações de que os processos contra ele estão demorando demais e das suspeitas dos mais paranóicos de que ele nunca será punido, quem está na política sabe que ele acabou, ficou o sobrenome, mas ele não tem caneta, nem tinta na caneta. E não terá nunca mais. Nos próximos anos terá de se haver com a Justiça, e sua inelegibilidade, que hoje vai até 2030, poderá durar até o fim da sua vida.

Isso não quer dizer que o movimento da direita populista, que a imprensa chamou bolsonarismo, vai acabar junto com ele. É claro que não. Enquanto houver gente no mundo, haverá gente de esquerda e gente de direita. E a realidade é que hoje a direita populista coloca mais gente na rua que a esquerda. Talvez porque a esquerda, estando no poder, ficou mais acomodada. A direita, que quer voltar ao poder, é que vai às ruas. 

A disputa pela sucessão de Bolsonaro está começando agora, em São Paulo, com vantagem para Pablo Marçal, que cobiça não só a prefeitura, mas a liderança do bolsonarismo, competindo com o governador Tarcísio de Freitas.   

Enquanto Marçal adota o estilo rebelde, tentando conquistar os bolsonaristas mesmo sem o consentimento de Bolsonaro, e até contra a sua vontade, e parece estar conseguindo, Tarcísio, hoje o bolsonarista mais poderoso, vai comendo o mingau pelas bordas, dando tempo ao tempo, fiel a Bolsonaro, esperando seu padrinho afundar de vez para então receber dele a coroa de novo rei.

QUEM VAI PARA O TRONO? 

Marçal leva vantagem, receber a bênção de um ex-presidente que transformou o país em pária internacional, estimulou as piores práticas, envergonhou os brasileiros e não trouxe prosperidade mais atrapalha que ajuda, é o que já mostram as pesquisas.

Bolsonaro arrebanhou a classe média; Marçal entrou com os dois pés no público preferencial do PT, os pobres, os trabalhadores, ele vai às favelas (onde Bolsonaro nunca foi) e canta o hip-hop dos Racionais MC, e sabe comer com garfo e faca quando almoça com a Faria Lima.

A grande falha de Bolsonaro, do ponto de vista de seus seguidores, foi não ter conseguido evitar a volta de Lula ao poder. 

E, a começar por São Paulo, eles perceberam que Bolsonaro escolheu o candidato errado, é Marçal, e não o prefeito Ricardo Nunes, o mais letal contra Boulos, e, se eleito, vai ser mais letal contra Lula. E o PT.

Quanto mais se aproxima seu ajuste de contas com a Justiça,  diminui a força de Bolsonaro. E aumenta a de Marçal.        

Marçal é a esperança da direita de afastar o PT do poder depois de Lula terminar seu segundo mandato.      

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