Bolsonaro assumiu ser o elo do clã com o miliciano Adriano
"O incrível mesmo é a opção da burguesia em apoiar esta expressão mais podre da barbárie. Uma opção odiosa da classe dominante, justificada em nome do ódio ao PT, do ódio à esquerda e do ódio ao povo", escreve o colunista Jeferson Miola
Em evento no Rio de Janeiro, Bolsonaro assumiu ser ele o elo de contato do clã Bolsonaro com Adriano da Nóbrega, o chefe do Escritório do Crime, milícia especializada em matadores de aluguel para assassinatos por encomenda.
Bolsonaro confessou que foi ele que mandou seu filho Flávio, então deputado estadual, homenagear e conceder honrarias a Adriano da Nóbrega na Assembléia Legislativa do RJ [ALERJ]: “Para que não haja dúvida. Eu determinei [Flávio fazer a homenagem]. Manda pra cima de mim”, disse ele, acrescentando que Adriano era um “herói” [sic].
Ao ser questionado pelos repórteres se também havia pedido que Flavio empregasse a mãe e a mulher do miliciano Adriano da Nóbrega no seu gabinete, Bolsonaro reagiu: “Vocês estão passando para o absurdo”.
A partir deste momento da entrevista, segundo a Folha, Flávio assumiu o microfone e, sendo perguntado sobre o emprego da mãe e da esposa do miliciano, Bolsonaro interrompeu, retomou o microfone e reagiu ainda mais duramente: “Fica quieta, vai, deixa ele falar. Educação” [aqui].
Normalmente duro e implacável com todos aqueles que chama de bandidos e inimigos, Bolsonaro é estranhamente condescendente com Adriano.
Bolsonaro, por exemplo, defende a inocência do miliciano, embora alegue não ter vínculos com Adriano [sic]. Apesar de Adriano constar da ordem de captura internacional da Interpol, Bolsonaro sustentou que “Não tem nenhuma sentença transitada em julgado condenando capitão Adriano por nada” [sic].
É no mínimo estranho que Bolsonaro tenha conhecimento de detalhes da trajetória criminal de Adriano, o miliciano que foi integrado ao círculo de relações e dos negócios da FaMilícia presidencial pelo foragido Fabrício Queiroz.
O assassinato de Adriano, como reconheceu Sérgio Moro [ler aqui], foi um acontecimento de enorme interesse para os Bolsonaro. Para a FaMilícia, Adriano passou a ter mais valor morto que vivo; era preciso queimar o arquivo que conhecia os segredos profundos dos Bolsonaro.
O incrível em tudo isso, entretanto, não é o envolvimento incontestável dos Bolsonaro com o submundo do crime.
O incrível mesmo é a opção da burguesia em apoiar esta expressão mais podre da barbárie. Uma opção odiosa da classe dominante, justificada em nome do ódio ao PT, do ódio à esquerda e do ódio ao povo – como exemplificou Paulo Guedes no ataque racista às empregadas domésticas.
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