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    Mirela Filgueiras

    Jornalista, com especialização em Teorias da Comunicação e da Imagem. Tem experiência nas áreas de webjornalismo, assessoria, rádio e televisão. Estuda as relações entre cibercultura e jornalismo

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    Bolsonaro chamou de "demagogia" entrada da PF no caso Marielle

    E agora, como fica a autonomia da Polícia Civil do Rio de Janeiro com o pedido do ministro Sérgio Moro de instauração de inquérito para investigar o depoimento do porteiro?

    “Justiça de Curitiba” leva a democracia à beira do abismo (Foto: Pedro de Oliveira/ ALEP)

    Em novembro de 2018 o então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, declarou: “que existiria uma grande articulação envolvendo agentes públicos, milicianos e políticos, em um esquema muito poderoso que não teria interesse na elucidação do caso Marielle. Até porque estariam envolvidos neste processo. Se não tanto na qualidade daqueles que executaram, na qualidade de mandantes” (PLATONOW, 2018).

    Em março de 2019, Jungmann afirmou, em entrevista ao HuffPost, que haveria um “grande complô" com objetivo de inviabilizar as investigações do caso Marielle. Segundo o ex-ministro, a Polícia Federal já investigava “interesses políticos, das milícias, do Escritório do Crime (quadrilha de matadores profissionais que atua no Rio) e de agentes da segurança pública” e que por isso “pediu mais de uma vez para que a Polícia Federal assumisse o comando das investigações, mas foi impedido por autoridades do Rio de Janeiro, sob o argumento de que a federalização das investigações iria ferir a autonomia do estado.” (CASTRO, 2019).

    E agora, como fica a autonomia da Polícia Civil do Rio de Janeiro com o pedido do ministro Sérgio Moro de instauração de inquérito para investigar o depoimento do porteiro?

    Lembremos também que em maio deste ano, “quando as investigações apontaram que a morte de Marielle poderia estar relacionada a denúncias da vereadora contra a grilagem de terras por milícias, Bolsonaro chamou de "demagogia" a possível entrada da Polícia Federal no caso. (TERRA, 2019)

    R$ 300 milhões por ano 

    Ainda de acordo com Jungmann “Existe um ciclo. As milícias, segundo ele, dominam praticamente metade das comunidades do Rio. ‘(...) Eles têm o controle do voto no local. Quem controla o voto elege seus representantes.’ 

    A consequência disso é que, no presidencialismo de coalizão, ‘os governos, para fazerem maioria, entregam cargos a parlamentares, e o que acontece é que esses parlamentares ― alguns deles que vêm da milícia e têm relação com o crime organizado ―  terminam indicando pessoas ligadas a eles para postos no governo, inclusive na área da segurança pública’.

    Além de domínio territorial, as milícias movimentam mais de R$ 300 milhões por ano em atividades criminosas e são os grupos que mais crescem, afirmou o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegado Rivaldo Barbosa” (CASTRO, 2019).

    Clã menosprezou a morte de Marielle 

    Em abril de 2018, o deputado estadual, Flávio Bolsonaro, foi o único parlamentar da Alerj a votar contra a concessão da Medalha Tiradentes para Marielle Franco alegando que a vereadora “tem uma ideologia diametralmente totalmente oposta à minha.”

    Podemos inferir que os milicianos homenageados por Flávio Bolsonaro têm uma ideologia diretamente totalmente idêntica a dele. 

    Foi Flávio quem defendeu os pesselistas Rodrigo Amorim, seu ex-vice-prefeito, e Daniel Silveira quando os dois quebraram a placa em homenagem à Marielle. Sua justificativa foi que os candidatos do PSL "nada mais fizeram do que restaurar a ordem".

    No corrente mês, Marcelo Antonio Siqueira Martan, assessor de Flávio Bolsonaro, enviou, no grupo  de Whatsapp “Assessores SF Desfocados”, uma figurinha com a foto de Marielle Franco e a frase “Morri kkkkkk”. Em sua defesa, Marcelo disse que “não tinha o objetivo de ofender ninguém” e que suas opiniões “não representam as do parlamentar”.

    Jair Bolsonaro também foi o único candidato à presidência da República que não quis comentar o assassinato de Marielle Franco porque sua "opinião seria polêmica demais".

    Carluxo criticou a ONU e a escola de samba Mangueira por terem homenageado Marielle. Lembrando que Fernanda Chaves, sobrevivente do caso Marielle, revelou à polícia que, no início de 2017, os dois parlamentares, vizinhos de gabinete, discutiram e que desde então Carlos teria parado de dividir o elevador da Câmara do RJ com Marielle. 

    Eduardo Bolsonaro, por sua vez, reclamou, via Twitter, de matéria do Jornal Nacional sobre as homenagens recebidas por Marielle no Brasil e no exterior.

    Referências:

    CASTRO, Grasielle. Caso Marielle: 'Há um grande complô' para atrapalhar investigação, diz Raul Jungmann. Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/entry/raul-jungmann-marielle_br_5c7987afe4b0e1f7765158a7>. Acesso em: 30 out. 2019

    PLATONOW, Vladimir. Jungmann: envolvimento de poderosos na morte de Marielle é certeza. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2018-11/jungmann-envolvimento-de-poderosos-na-morte-de-marielle-e-certeza>. Acesso em: 30 out. 2019

    TERRA. A postura do clã Bolsonaro no caso Marielle Franco. Disponível em: <https://www.terra.com.br/noticias/brasil/a-postura-do-cla-bolsonaro-no-caso-marielle-franco,df980f67199e5d7d424081105020bd22aqyvm39d.html>. Acesso em: 30 out. 2019

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