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    Cesar Calejon

    Jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor dos livros A ascensão do bolsonarismo no Brasil do Século XXI, Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil

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    Bolsonaro desconhece a diferença entre compromissos de estado e atos de campanha

    O colunista Cesar Calejon afirma que 'Bolsonaro tenta convencer o mundo de que o Brasil está bombando, o que denota o caráter surrealista da sua administração'

    (Foto: Reprodução)

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    No que deve ser a sua última viagem internacional frente à Presidência da República, Jair Bolsonaro deixou claro o tamanho da sua ignorância no que tange às atribuições de um estadista. 

    Na sua passagem pela Inglaterra e pelos EUA esta semana, quando compareceu, ontem, ao funeral da falecida monarca britânica, e ao fazer a abertura da 77ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nesta terça-feira, o atual mandatário brasileiro deixa claro desconhecer a diferença entre compromissos de estado e atos de campanha.

    Bolsonaro usa ambas as situações para fazer campanha política às custas da imagem do Brasil junto ao concerto das nações e os principais líderes mundiais. 

    Durante o funeral da rainha inglesa, o presidente brasileiro e a sua esposa se conduziram de forma absolutamente constrangedora. Para além de fazer campanha política visando a reeleição, o casal se conduziu como se estivesse em um desfile de moda. 

    No que diz respeito ao discurso desta quarta-feira, Oswaldo Aranha deve estar se revirando no próprio túmulo. Bolsonaro deverá enfatizar a suposta retomada da economia nacional, no momento em que mais de 33 milhões de pessoas passam fome no país, literalmente, e todos os principais indexadores sociais (Gini, IDH, PIB, reservas internacionais, taxa de conversão do dólar estadunidense etc.) demonstram empiricamente que o seu governo quebrou o Brasil. 

    Pateticamente, Bolsonaro tentará fazer outro ato de campanha na ONU, ressaltando os números que, supostamente, representariam a recuperação econômica nacional, como o crescimento de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano, por exemplo, o superávit da balança comercial, a recuperação da indústria influenciada pela produção de bens de capital, incremento da agropecuária e alta no consumo das famílias.

    Contudo, avaliados friamente, esses números são pequenos e refletem que o Brasil apenas saiu do fundo do poço no qual foi colocado por conta da tempestade perfeita que foi causada como resultado da interseção entre o próprio  bolsonarismo e a covid-19.

    Ou seja, após destruir a nação, ele quer convencer a sociedade internacional que uma pequena melhora econômica em meio ao caos seria suficiente para dizer que o Brasil está bombando e o seu governo é extremamente competente, o que denota o caráter surrealista da sua administração.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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