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    Eduardo Guimarães

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    Bolsonaro prepara discurso da derrota

    "A encenação sobre 'fraude' ficará inviável. O povo já decidiu que Bolsonaro está certo quando diz que não serve para ser presidente", escreve Eduardo Guimarães

    Lula e Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert | Ricardo Stuckert)

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    Bolsonaro finalmente reconheceu a razão de sua anemia nas pesquisas diante do exuberante apoio popular que Lula vem exibindo. Não que tenha desistido de seus planos golpistas, mas já semeia o discurso para o caso de não conseguir virar a mesa. 

    A escolha de Braga Netto como vice denota os planos nefastos de Bolsonaro. Que ninguém se engane quanto a sua aposta no golpismo; está no DNA do presidente da República. Por conta disso, já anunciou um "esquenta" da encenação golpista no day after da surra eleitoral que Lula irá aplicar nele em 2 de  outubro. 

    Contudo, a encenação de Bolsonaro não poderá ser apresentada ao país e ao mundo caso o placar da derrota seja de uma dimensão que inviabilize qualquer reclamação - cenário que vai se tornando cada vez  mais possível. 

    Segundo pesquisa Datafolha recém-divulgada, Lula venceria em primeiro turno com 21 pontos de vantagem sobre Bolsonaro, no que diz respeito aos votos válidos (53% x 32%). Ciro Gomes, aparece com 10% dos votos validos, André Janones (Avante) com 2%, Simone Tebet (MDB) com 1%, Pablo Marçal (PROS) com 1% e Vera Lúcia (PSTU) 1%. 

    Em resumo: Lula tem 53% dos votos válidos e os adversários, 47%. Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, Lula vence no primeiro turno fora dessa margem. Contudo, a possibilidade de vitória no primeiro turno ainda é modesta, neste estágio da eleição. 

    Em primeiro lugar, como o eleitorado de Lula é mais humilde, a possibilidade de intenções de voto não se transformarem em voto de verdade é real entre essas pessoas. Alguns não tiraram ou atualizaram título de eleitor ou simplesmente vão deixar a eleição pra lá por algum motivo ligado às dificuldades inerentes à pobreza. 

    Estima-se que o PT sempre tenha dois, três pontos percentuais abaixo do que dizem as pesquisas devido a esse fenômeno. 

    Assim, para que a vitória em primeiro turno seja real e elástica, inviabilizando reclamações de Bolsonaro devido ao tamanho dessa vitória, o país conta com o fenômeno conhecido como "voto útil". Ou seja: o eleitor vota no candidato que mais tem chance de vencer aquele que quer barrar...

    Nesse contexto, a recente pesquisa Datafolha mostrou que continua aumentando o contingente de eleitores de Ciro Gomes dispostos a votar em Lula. Na pesquisa de 27 de maio, o instituto detectou que 37% dos eleitores de Ciro cogitavam votar em Lula já no primeiro turno para evitar o risco Bolsonaro; agora, esse percentual subiu a 44% em menos de  um mês (!). 

    Ou seja, nessa toada, quando os eleitorados de Ciro, Tebet etc. acordarem para a realidade da inviabilidade dessas candidaturas, uma parte enorme desses votos desembarcará na candidatura Lula, tornando a derrota de Bolsonaro tão grande que ele não terá do que reclamar. 

    É por isso que ele começou a entoar um novo discurso, de que o povo brasileiro está sofrendo, mas que não é por sua culpa e que a culpa é da crise internacional e da pandemia, que flagelou o mundo inteiro. 

    O mais "engraçado" na estratégia do genocida é que enquanto ele admite que o mundo inteiro teve que paralisar suas economias por conta da pandemia, acusa os governadores dos Estados de responsabilidade pelos problemas advindos dessa paralização, como se só no Brasil tivesse havido o "fique em casa" que ele tanto critica. 

    Assim sendo, mesmo que Ciro, Tebet e o resto dos nanicos continuem colocando seus projetos pessoais acima dos interesses do povo, esse mesmo povo pode dar uma banana para o Bolsonaro com sinal trocado e os mais nanicos que ele votando em massa em Lula, tornando impossível, para Bolsonaro e seus milicos amestrados, reclamarem da derrota.

    A boa notícia é que tudo caminha para esse cenário. A encenação bolsonarista sobre "fraude eleitoral" ficará inviável porque o povo brasileiro já decidiu que Bolsonaro está certo ao menos quando diz que não serve para ser presidente. Alguém discorda?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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