Bolsonaro ressuscita políticos rejeitados no RN
Bolsonaro não perdeu tempo e decidiu dar o troco por conta da votação que recebeu no RN; Ressuscitou tanto Antônio Jácome, quanto Marinho; não deu tempo sequer para estes defuntos políticos esfriarem; Jácome foi convidado a ser secretário-executivo no Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos; Rogério Marinho ocupará o setor a Secretaria Especial de Previdência e Emprego
Como se sabe, o Nordeste é uma região com forte apelo progressista, que recusou a agenda beligerante e de ódio propagada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro. Se fosse um país, o Nordeste elegeria Fernando Haddad como uma votação de 69,7% em relação ao seu oponente, que emplacou 30,3% dos votos na eleição passada. Tal votação representa, de forma clara, a gratidão devido aos avanços importantes proporcionados pelo ex-presidente Lula para uma região esquecida, estigmatizada e que ainda enfrenta sérios problemas com o analfabetismo, a seca e a pobreza.
Se o Estado do Rio Grande do Norte, este pequeno ente federativo, também fosse um país, Bolsonaro não alcançaria mais que 36% dos votos, frente aos 63% de Haddad. Mais uma negação a um projeto ulltraliberal de um candidato, agora presidente eleito, que não inclui o nordestino no orçamento. Ao lado dele, um grupo representativo de candidatos conservadores e antipovo foram defenestrados nas urnas no Estado.
O senador Agripino Maia, o "Gripado" da lista de alcunhas da Odebretch, é um recorrente envolvido em escândalos e denúncias do Ministério Público. A mais recente foi divulgada no último dia 13. Acusado de peculato e associação criminosa, o parlamentar manteve por sete anos um funcionário que não prestava serviços no Senado.O seu partido, o DEM, que já foi da frente liberal, estará agora de mãos dadas e balançando serelepe no próximo governo ultraliberal. Agripino buscou a reeleição como deputado federal e nem assim conseguiu se reeleger.
Outros parlamentares enxotados da vida pública potiguar foram aqueles que, assim como Agripino, mais representam as oligarquias, como Garibaldi Alves e Beto Rosado. Beto, que integra clã que comanda ou faz parte da política de Mossoró - a segunda maior cidade do Estado - e do RN há mais de 50 anos, tentou vencer no tapetão.
Sabemos que Direita não ganha eleição, dá golpe. E foi isso que Beto tentou fazer com o agora deputado federal eleito pelo PT, Fernando Mineiro. Utilizar os votos da candidatura cassada de um companheiro de coligação para, somados aos seus, se sobrepor contra o petista. Perdeu duplamente: no voto e na Justiça.
Outros entraram na lista de corte. O ex-pastor Antônio Jácome e o deputado federal Rogério Marinho entenderam a mensagem das urnas que dizia que a porta da rua é a serventia da casa. Ambos têm grandes semelhanças: são golpistas e contribuíram para aprovar a PEC dos Gastos, proposta que congela os investimentos em saúde e educação por 20 anos.
Os dois foram escorraçados pelo povo, sem deixar saudades. Marinho adiciona razão a mais para tanto: foi o relator da Reforma Trabalhista e incansável representante dos empresários. Destruiu os direitos dos assalariados (faltando "desengessar" o artigo 7° da Constituição, segundo Bolsonaro). Porém, como o voto dos empresários tem o mesmo peso do restante do povo, não conseguiu voltar para a Câmara. Jácome, por sua vez, que tentou vaga para o Senado, logrou a quinta colocação em uma corrida composta por cinco candidatos.
O alívio durou pouco. Bolsonaro não perdeu tempo e decidiu dar o troco por conta da votação que recebeu no RN. Ressuscitou tanto Jácome, quanto Marinho. Não deu tempo sequer para estes defuntos políticos esfriarem.
Jácome, que recebeu míseros 10% dos votos, ganhou sobrevida e foi convidado a ser secretário-executivo no Ministério das Mulheres, Família e Direitos Humanos. Aceitou de bate-pronto. O parlamentar é ex-pastor, o ramo da futura ministra da pasta Damares Alves. Deixou a função que ocupava na Igreja Assembleia de Deus sob a acusação de adultério e de forçar uma mulher a cometer aborto. O caso ganhou ampla repercussão e o Ministério Público entrou no caso, arquivando o processo em seguida.
Rogério Marinho dispensa maiores apresentações. O trabalhador brasileiro sabe bem do que se trata e Marinho vê nele o seu maior inimigo. Empenha-se para tornar o Brasil uma legião de escravos, uma Indonésia de operários subjugados e um paraíso para empresários obcecados pelo lucro. O serviço de Marinho não está completo. Mesmo expulso pelo eleitor, ganha vida nova através de um compromisso mais aberto e franco à esta elite.
Ocupará o setor preparado para moer trabalhador. Foi convidado para a Secretaria Especial de Previdência e Emprego. No alto escalão, sabe que terá mais liberdade para continuar o massacre aos operários, ainda mais agora que não tem qualquer unção de quem queria vê-lo longe da política.
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