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Bepe Damasco

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Boulos pode vencer, mas pesquisa Datafolha é melhor para Nunes

"Baixa adesão a Boulos entre os mais pobres sugere que está faltando mais Lula na campanha", analisa Bepe Damasco

Guilherme Boulos | Ricardo Nunes (Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados | Isadora de Leão Moreira/Governo do Estado de São Paulo)

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As atenções do país se voltam para as eleições de São Paulo. Além da óbvia importância que desperta a disputa pelo poder na maior cidade do país, o pleito opõe abertamente o presidente Lula e o bolsonarismo com suas duas faces. Em capitais como o Rio de Janeiro, que poderiam rivalizar com São Paulo em termos de relevância da refrega eleitoral, a eleição parece decidida de antemão, pois o prefeito Eduardo Paes nada de braçada e tudo indica que vencerá no primeiro turno.

Olhando com lupa os resultados da pesquisa Datafolha publicada nesta quinta-feira (5), que aponta Boulos com 23% e Nunes e Marçal com 22%, alguns pontos chamam a atenção e tornam a eleição ainda mais complexa:

1) Marçal parou de crescer, exatamente depois de iniciada a propaganda eleitoral de rádio e TV, da qual ele não participa, já que seu partido, o nanico PRTB, não alcançou o desempenho necessário nas eleições de 2022. Se essa tendência se confirmar nas próximas pesquisas, a queda pode revelar que foram açodadas as análises apontando a inutilidade atual desse tipo de propaganda na busca pelo voto. Segundo essa visão, as redes sociais bastam para catapultar ou derrotar uma candidatura. Outro dado relevante do levantamento do Datafolha sobre Marçal é que sua rejeição pela primeira vez é a maior entre todos os candidatos, provavelmente porque vieram à tona suas fake news, trajetória repleta de crimes, falta de um mínimo de educação e civilidade e vazio completo de propostas para São Paulo. 

2) Nas simulações de segundo turno, Boulos pela primeira vez aparece à frente de Marçal (46% a 39%). O deputado federal lidera também na pesquisa espontânea com 19%. Marçal tem 15% e Nunes 10%. A consolidação do voto em Boulos também é importante. Entre seus eleitores, 75% se dizem totalmente decididos a votar nele e só 25% admitem que ainda podem mudar. Marçal vem em segundo neste quesito, com 70% de votos consolidados e 30% que podem mudar. Já Nunes, conta com o voto fechado de apenas 52% dos eleitores, com 46% indicando que podem votar em outro candidato. Essa votação cristalizada de Boulos somada à sua citação espontânea mostram que Boulos parte de um patamar seguro de votos. Sua liderança entre os formadores de opinião e no contingente do eleitorado que ganha mais de cinco salários mínimos também é positiva. Falta avançar no segmento que decide a eleição, os paulistanos que ganham até dois salários mínimos, no qual Nunes lidera. Mesmo levando-se em conta que em geral os presidentes da República influenciam pouco em eleições municipais, a baixa adesão a Boulos entre os mais pobres sugere que está faltando mais Lula na campanha, pois reside justamente nessa faixa de renda a maior popularidade do presidente.

3) Nunes parece estar utilizando bem o latifúndio de tempo de TV de que dispõe na propaganda eleitoral. Embora sua subida, de 19% para 22%, se situe dentro da margem de erro de três pontos percentuais, é mais provável que que ele tenha avançado de fato. No mínimo, conseguiu conter Marçal, dedicando boa parte de seus programas e spots a atacá-lo. Nunes explorou ainda supostas e concretas realizações de seu governo na periferia. Sua rejeição, que é a mais baixa entre os três líderes (caiu de 25% para 21%), é o principal fator que explica sua boa performance nas simulações de segundo turno: bate Marçal por 53% a 31% e Boulos por 49% contra 37%. 

4) Embora tenha sido Tabata Amaral quem deu início ao enfrentamento duro a Marçal, nos debates e nas redes sociais, produzindo inclusive algumas peças notáveis de campanha, sua candidatura encontra dificuldades para crescer devido a forte polarização entre os três primeiros. Até conseguiu variar positivamente de 8% para 9% nesse levantamento do Datafolha, mas não parece ter fôlego para ultrapassar os 10% dos votos. No entanto, a fatia do eleitorado que conseguir seduzir pode ser de grande valia para Boulos em um hipotético segundo turno, pois a tendência é que ela apoie o candidato do PSOL/PT. Já Datena desce ladeira abaixo e sem freio. 

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