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    Denise Assis

    Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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    Boulos topa sabatina que lava imagem de Marçal

    "Boulos, na luta pela redução da diferença para com Nunes, decidiu que, sim, vai à tal 'entrevista de emprego'", escreve Denise Assis

    Guilherme Boulos e Pablo Marçal (Foto: Raffa Neddermeyer/ABr | Reprodução/YT)

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    Amanhã, sexta-feira, dia 25 de outubro, ao meio-dia, quando os celulares iniciarem a transmissão do “embate” ou a “sabatina” entre o candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP) e o “não sei que apito ele toca”, Pablo Marçal, o que estaremos assistindo, de fato, será um papo na lavanderia.

    Marçal será lavado, enxaguado e passado a ferro. Assim, pós-assepsia, ele sairá do outro lado digerido como alguém que foi aceito no palco da política, onde pisou e escorregou.

    Com a trajetória – ou seria folha corrida? – com que se colocou à disposição do eleitorado para disputar o mesmo cargo, o de prefeito da maior cidade do país, por um partido nanico e envolvido em disputas internas com direito a atentados, o goiano que se apresenta como “empresário, bacharel em Direito e influenciador digital”, filiado ao Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), não tem nada mais a perder.

    O que tinha, sua fama de coach bem-sucedido, deixou de molho para ir ali, sob os holofotes da eleição municipal, ver se lacrava um pouco. E lacrou. Para isso, não mediu consequências. Desde usar de uma mega fake news, acusando Boulos de ser usuário de cocaína (por fim restou provado tratar-se de um homônimo), até acrescentar ao seu prontuário o crime de falsidade ideológica. Ele trouxe a público um atestado falso, assinado por um médico já morto, José Roberto de Souza, emitido pela clínica Mais Consulta, com a intenção de provar que Boulos teria sido internado pela dependência. Porém, de acordo com a perícia técnica da Polícia Científica, o médico morreu em 2022 e sua assinatura foi fraudada, como atestou também a filha do médico, Aline Garcia Souza.

    Em outros tempos, quando a política ainda exigia uma certa liturgia e postura, o veríamos sendo escorraçado e processado como o que ele de fato provou ser: um reincidente em crimes. Mas, atualmente, quando tudo é naturalizado – até orçamento secreto –, Pablo Marçal é apenas alguém que “caça cliques”, tem ousadia e performance. (Fui ali vomitar e já volto) ...

    Na reta final de uma campanha em que o eleitorado foi disputado a socos – literalmente –, cada momento, cada gesto, cada ousadia importam. Vai daí que Guilherme Boulos, na luta pela redução da diferença para com o adversário, Ricardo Nunes (MDB - atual prefeito, e na disputa pela reeleição), decidiu que, sim, vai à tal “entrevista de emprego”, que é como Marçal está denominando a sabatina que propôs aos dois candidatos. Nunes declinou e não vai para essa “roubada”. Boulos acha que tem pouco a perder e o que vier é lucro.

    Na última Pesquisa Quaest, divulgada na quarta-feira (23), por exemplo, Nunes estava com 44% das intenções de voto, enquanto Boulos apareceu com 35%. Na rodada anterior, Nunes tinha 45% e Boulos marcava 33%. Ou seja, a diferença entre os dois, que era de 12 pontos percentuais, caiu para 9.

    Chamem o croupier, rápido. Guilherme Boulos, nessa rodada, apostou todas as fichas. Marçal também. Queimado como estava, viu nessa ousadia de se colocar como “futuro patrão” de Boulos, a quem, entende, pagará salário, a forma de continuar metido na política e lembrado como um nome para 2026. Já Guilherme Boulos, topando ir à “entrevista de emprego”, perde bastante da moral para cobrar na Justiça as falsidades perpetradas contra ele por Pablo Marçal. Mas, segundo avalia, a atitude pode lhe render votos. A conferir.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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