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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    Braga Netto é mais importante do que Bolsonaro

    "Bolsonaro põe as Forças Armadas dentro da chapa, mais uma vez, mas o novo vice não é um Hamilton Mourão", escreve Moisés Mendes

    (Foto: Marcos Corrêa/PR)

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    Por Moisés Mendes, para o 247

    Podem ser classificadas como obviedades subululantes as informações, consagradas pela repetição, que atribuem ao general Braga Netto a responsabilidade pela trincheira que abrigará Bolsonaro quando o sujeito aplicar o golpe.

    A linha geral das análises é a de que o general foi escolhido para vice para que Bolsonaro se sinta protegido e confortável. É o previsível, mas talvez nem tanto.

    O tenente confia no general, e a escolha do seu nome prevaleceu, depois das especulações em torno da opção Tereza Cristina, porque a primeira virtude a ser considerada é a fidelidade incondicional, mesmo que isso não exista.

    Braga Netto tem tropas fardadas e apijamadas dentro e fora do governo. Tereza Cristina tem as boiadas inconfiáveis do centrão.

    Bolsonaro não confia na direita civil paga por ele para levar seu mandato até o fim. Uma vice indicada pelo centrão seria muito mais uma ameaça do que a garantia de suporte político civil e parlamentar.

    E agora a segunda parte das subobviedades que germinam em torno da manutenção da escolha de Braga Netto. Bolsonaro põe as Forças Armadas dentro da chapa, mais uma vez, mas o novo vice não é um Hamilton Mourão.

    O nome e as circunstâncias são outras. Bolsonaro nem sabia direito o nome de Mourão, a quem chamava de Augusto. Braga é o general que passou à frente de todos os outros nas gincanas do Planalto e tem nos ombros 10 estrelas do bolsonarismo.

    Mas, ao contrário de 2018, desta vez a eleição tem Lula. Bolsonaro está a caminho do desastre e puxa junto Braga Netto.

    Se o Bolsonaro optar pelo caos, com o envolvimento dos militares no que seria o restabelecimento da ordem ou da desordem, Braga Netto será o primeiro empurrado para a confusão.

    Os generais da sua turma e a instituição deixarão digitais e pegadas por todo lado. Se o golpe fracassar, depois da interferência direta de gente fardada, terá sido o fracasso de Braga Netto, do seu entorno, da sua geração, do militarismo bolsonarista e, o que é pior, das Forças Armadas.

    Agora, mais uma variante de um golpe em que Bolsonaro se farda de comandante supremo e grita avante, mas nesse caso os generais se fazem de surdos.

    Se Braga Netto, dentro da chapa, como embarcado num projeto de vale tudo, negar-se a aplicar o golpe, sendo o grande general na trincheira do bolsonarismo, estará criado um impasse que pode salvá-lo e salvar a instituição.

    Mas pode acontecer também, na última alternativa das obviedades subululantes, de Braga Netto e os militares sentirem que eles, e não Bolsonaro, devem assumir o controle da situação.

    Nesse caso, não há pressentimento capaz de nos sugerir o que pode acontecer, com Bolsonaro num canto e os militares finalmente dizendo que o projeto é deles, e não do tenente.

    Hoje, nesse exato momento, nessa situação em que Bolsonaro é um moribundo caminhando em direção ao penhasco, e por isso tudo num contexto de pré-golpe, Braga Netto é mais importante do que Bolsonaro.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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