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    Regina Zappa

    Jornalista, escritora, criadora e apresentadora do Estação Sabiá, da TV 247. Trabalhou mais de 20 anos no Jornal do Brasil

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    Brasil perde “o maior melodista” da bossa nova

    "Os anos de 2022 e 2023, que levaram grandes artistas como Gal Costa, Rita Lee, João Donato, Erasmo Carlos, nos tiram agora Carlos Lyra"

    (Foto: Reprodução)

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    Mais uma vez o cenário da música brasileira fica empobrecido e triste. Os anos de 2022 e 2023, que levaram grandes artistas como Gal Costa, Rita Lee, João Donato, Erasmo Carlos, nos tiram agora Carlos Lyra, compositor, cantor, violonista, ícone da Bossa Nova e da MPB. O maestro soberano Tom Jobim, mestre da melodia e da harmonia, certa vez, definiu Carlos Lyra como “o maior melodista” da bossa nova. 

    Carioca de Botafogo, Carlinhos, como era conhecido entre amigos e admiradores, começou sua carreira como músico tocando violão elétrico no conjunto de Bené Nunes, no final dos anos 1950. Junto com o compositor Roberto Menescal, amigo de adolescência e da mesma geração dos músicos da Bossa Nova, montou a primeira Academia de Violão, uma forma que encontraram para viver da sua paixão, que era a música.

    Lyra foi uma das principais figuras da geração da bossa nova, ao lado de João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Juntos com Ronaldo Bôscoli eles produziram o álbum “Chega de Saudade”, lançado em 1959. Suas composições "Maria Ninguém", "Lobo Bobo" e "Saudade fez um samba" foram gravadas nesse disco por João Gilberto. Em 1956, foi revelado em disco na voz de Sylvia Telle,s que gravou “Menino”.  Em 1960, gravou seu primeiro disco “Carlos Lyra: bossa nova”.

    Ele compôs músicas com muitos parceiros, como Vinicius, Bôscoli, Paulo César Pinheiro, Geraldo Vandré, e suas canções brilharam nas vozes de Nara Leão, Elis Regina, Sylvia Telles, Joyce, Lenny Andrade, Gilberto Gil e muitos outros cantores.

    Lyra entendia que a bossa nova era filha do samba e logo perceberia que era preciso trazer a realidade social brasileira para dentro da música. Fez parte de uma bossa nova mais ativista, propondo o retorno do ritmo às suas raízes no samba e se aproximou de compositores populares como Zé Kéti, Cartola e Nelson Cavaquinho. Essa aproximação se deu quando ele fundou, em 1962, no Rio, ao lado de Oduvaldo Viana Filho, Ferreira Gullar, Leon Hirszman e Carlos Estevam, os CPCs (Centro Popular de Cultura) ligados à UNE (União Nacional de Estudantes), que foram extintos pelo golpe militar, em 1964. Nesse mesmo ano, abandonou o país por causa da ditadura militar e só regressou em 1971.

    Em 2008, fez uma de suas últimas turnês, “Os Bossa Nova”, ao lado de Marcos Valle, João Donato e Roberto Menescal, que depois virou disco.   

    Lyra foi internado na quinta-feira (14/12) com um quadro de febre, no Rio e morreu no dia 16. Produziu também grandes sucessos, como 'Coisa mais linda', 'Minha namorada', 'Primavera', 'Sabe você' e 'Você e eu'. Seu legado é inestimável.  Veteranos músicos que acompanharam sua carreira aconselham aqueles que quiserem aprender e se inspirar na qualidade musical de suas canções: jovens, ouçam Carlos Lyra.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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