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    Danilo Espindola Catalano

    Professor de espanhol, pesquisador e escritor.

    5 artigos

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    Briga entre irmãos: pode ser o fim da esquerda no poder da Bolívia?

    O MAS (Movimento alSocialismo) vive um racha

    Evo Morales e Luis Arce (Foto: Reprodução/Twitter)

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    Desde o segundo semestre de 2024, o ex-presidente Evo Morales anunciou que seria candidato à presidência da Bolívia pela quarta vez, mas esta decisão afronta diretamente o presidente atual, Luis Arce, pois eles fazem parte do mesmo movimento social e partido: “Movimiento al Socialismo” (MAS). 

    O MAS vive um racha protagonizado por um lado com apoiadores do presidente atual e do outro daquele que deseja ser candidato após sofrer um golpe racista em 2019, mas se manter forte popularmente, mesmo depois de anos exilado.

    Como se não bastasse apenas a “briga” entre os dois, foram  realizados nos meses finais deste ano de 2024, protestos contra o presidente Luis Arce, (por parte dos apoiadores de Evo Morales), que até mesmo bloquearam as estradas.

     Em resposta, o presidente disse que iria mobilizar o exército para retirar os protestantes e recuperar a ordem no país, o que fez os apoiadores de Morales recuarem e felizmente ninguém saiu ferido.

    Apesar de todo o corrido e que continua acontecendo devido a não terem definido quem será o candidato para as eleições presidenciais de 2025, podemos ver que este contexto que está sendo protagonizado na Bolívia se configura por ser um racha da esquerda do país e não somente do movimento social do qual eles fazem parte, (MAS), o que dá uma grande abertura para aquela direita racista que dominou o país no início da década dos anos 20 do século XXI. 

    Diferentemente do Brasil, o governo boliviano é organizado e administrado pelos povos indígenas desde a constituição assinada pelo ex-presidente Evo Morales, - durante a sua presidência, - isso, além de incomodar certos setores oligárquicos do país, que tem o poder de utilizar-se das forças policiais e do exército para realizar uma espécie de poder moderador e se quiserem tirar o presidente, vão fazer do mesmo jeito que fizeram em 2019, em que protagonizaram uma reza e colocaram a Bíblia como a salvação nacional. 

    A ex-presidenta Jeanine Añéz está presa, mesmo tendo sido pivô para este golpe protagonizado pelos mais ricos e brancos da população boliviana. Mesmo que ela esteja presa, ainda existem em meio à população e ao governo espectros daquela época que pretendem desestabilizar o governo, retirando os indígenas do poder e manter o status quo ensinado pelos colonialistas. Ou seja, brancos no poder e indígenas marginalizados.

    Podemos concluir, que as desavenças “infantis” entre Evo e Arce, nada mais fazem do que desestabilizar a esquerda e os poderes indígenas do país, para que seja possível a volta daquela oligarquia racista para as eleições de 2025, que possivelmente terão a audácia de escolher um novo candidato, (ou um novo pivô), que possa seguir os seus dogmas, aproveitando-se da fraqueza dos movimentos sociais e das esquerdas bolivianas que resultarão deste contexto. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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