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    Luciane Pires

    Publicitária (ESPM), colunista cultural do portal Ativar Sentidos, ativista pelo direito dos animais, formadora de opinião pelo Instagram @luhpires_

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    Brumadinho: animais estão sendo abatidos a tiro

    É nojento e cruel ver o descaso e a falta de políticas públicas voltadas para o direito das criaturas sencientes que em nada se diferem de pessoas

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    Numa ação cruel e inaceitável, os animais atingidos pela ruptura da barragem da Vale no município de Brumadinho, Minas Gerais, estão sendo sacrificados a tiros por helicópteros. A aeronave é da Polícia Rodoviária Federal  (PRF) que alvejou os animais  que já estavam há mais de 72 horas ilhados na lama em situação alarmante. 
     
    Segundo ativistas de defesa dos animais, em meio aos helicópteros que faziam o resgate de vítimas, um sobrevoava bem baixo para atirar nos animais. Eram feitos cerca de cinco disparos em vacas que estavam atoladas na lama. Pelo menos, vinte tiros foram ouvidos. 
     
    A ação da Polícia Rodoviária Federal é questionada por institutos de defesa dos animais e classificada como 'cruel' e 'inaceitável'.
     
    A Polícia Rodoviária Federal confirmou a ação. “O procedimento de sacrifício (eutanásia) dos animais, objeto deste questionamento, foi realizado com o atendimento de todos os protocolos de segurança aplicáveis ao caso, a pedido e sob a coordenação de uma veterinária, integrante do Conselho de Veterinária de Minas Gerais e supervisionado pelo comando das operações de resgate.”
     
    Ativistas se questionam se tudo não passou de uma ação orquestrada desde o início para evitar prejuízos, deixando os animais agonizando até que ficassem muito debilitados e a única solução fosse a eutanásia. “Toda hora era uma desculpa diferente para não me deixarem subir no helicóptero. Agora descobrimos o motivo. Eles tem coisa para esconder”, afirmou Luisa Mell.  
     
    O Conselho Regional  Medicina Veterinária de Minas Gerais disse que dois animais, um bovino e um equino sofreram eutanásia por arma de fogo. Segundo o presidente do CRMV-MG, Bruno Divino, o método é autorizado pelo “Guia Brasileiro de Boas Práticas para Eutanásia em Animais” e foi escolhido porque os animais estavam em sofrimento e não havia segurança para que os socorristas descessem do helicóptero para aplicar o anestésico. “O método para quem não conhece é assustador, mas é feito disparo onde o animal não vai sentir dor”, disse Bruno.
     
    Para a ativista Luisa Mell, os disparos são injustificáveis: "A única coisa que justifica é eles estarem querendo brincar de tiro ao alvo”, disse a apresentadora e defensora dos animais. “Nós sabemos que será preciso fazer eutanásia em alguns animais, porém, é preciso dignidade para isso. O que está acontecendo é inaceitável.” 
     
    Luciana Trindade, do instituto EcoAnimal, também reclama da maneira com que a eutanásia dos animais está sendo feita. “Atirar desse jeito nem pode ser chamado de eutanásia. No domingo um helicóptero com uma veterinária sobrevoou baixo para que ela pudesse aplicar uma injeção e assim o animal deixar de sofrer. Agora atirar até acertar é cruel”, disse.
     
    Para o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Minas Gerais, "isso é uma forma de fazer levantamento dos óbitos e não descaracterizar a cena do crime". Para ele, por mais que ONGs e institutos de defesa dos animais queiram ajudar a fazer o regate, não é possível acessar o local sem autorização prévia de autoridades.
     
    “Precisamos entender que esse acidente é um crime e qualquer ação que não seja coordenada pode descaracterizar essa cena e, com isso, os responsáveis podem se eximir da culpa”, afirmou Bruno Divino.
     
    O CRMV-MG trabalha com o Governo do Estado de Minas Gerais para fazer um levantamento de animais de grande porte que estão na área atingida pela lama para poder coordenar ações de resgate.
     
    É nojento e cruel ver o descaso e a falta de políticas públicas voltadas para o direito das criaturas sencientes que em nada se diferem de pessoas. A ação cruel está acontecendo em menos de 24 horas após ser concedida uma liminar do deputado estadual Noraldino Junior, presidente da Comissão de Proteção dos Animais da Assembleia, que determina o resgate imediato dos animais sob multa de 50 mil ao dia por descumprimento.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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