Bruno e Dom: legado e consequências internacionais
A Amazônia precisa de boa governança, sob o risco de o Brasil ter sua soberania sobre a área questionada internacionalmente
Há muito tempo venho advertindo que a Amazônia precisa de boa governança, sob o risco de o Brasil ter sua soberania sobre a área questionada internacionalmente.
Os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips - a forma bárbara e hedionda em que essas mortes ocorreram, a certeza que esses crimes estão diretamente ligados às ações criminosas que ocorrem no Vale do Javari, como narcotráfico, garimpo e contrabando de produtos dos rios e da floresta e que isso ocorre em total descontrole e impunidade - colocam a governança brasileira em xeque, mais uma vez, e agora de forma indefensável.
Não é um fato isolado. São ações contínuas que já culminaram em outras mortes, outras denúncias, invasões de garimpeiros em terras indígenas, sendo denunciados quase que diariamente, violência, estupros e o roubo de riquezas que poderiam estar servindo para melhorar a vida das pessoas que vivem na Amazônia, se houvesse políticas sérias, fiscalização, controle, combate ao crime e punição.
Controle, combate e fiscalização? Como, se os órgãos responsáveis por isso vêm sofrendo desmanches inconsequentes ao longo dos últimos anos, perdendo recursos financeiros e humanos? Todos os órgãos diretamente ligados às questões ambientais, indígenas e de pesquisa e desenvolvimento tecnológico que já não atuavam de maneira eficaz em sua totalidade, mas funcionavam com mais precisão, estão à míngua e sem pessoal suficiente.
A violência na Amazônia explodiu, de forma exponencial. Na semana passada, a Pastoral da Terra divulgou um caderno revelando dados escabrosos, entre eles o aumento de 1.100% nas mortes em consequência de conflitos no campo, com 109 mortes registradas em 2021, 101 delas ocorridas em território Yanomami, em Roraima, em conflito com garimpeiros.
São estatísticas que escondem histórias, a maioria não investigadas. Com o caso Bruno e Dom o Brasil não abriu uma porta para a repreensão internacional, abriu uma porteira, ainda não dimensionada e que poderá trazer gravíssimas consequências para o país como um todo.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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