Buenos Aires será palco da extrema-direita com apoio de Milei e Trump
"Milei quer ser o elo da extrema-direita na América Latina e a 'voz privilegiada'", escreve Marcia Carmo
O presidente da Argentina, Javier Milei, será o anfitrião da Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC), na quarta-feira que vem (4/12), num hotel do bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires. A lista de presentes (ou que falarão) via internet inclui nomes diretamente ligados ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Entre eles, segundo os organizadores, estão a esposa de um dos filhos de Trump, Lara Trump, uma das presidentes do comitê nacional do Partido Republicano e sempre orgulhosa do sogro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o deputado espanhol Santiago Abascal, líder do partido Vox.
Os ultraconservadores informaram à imprensa local que o ex-presidente Jair Bolsonaro também será um dos oradores. Como ele não pode sair do Brasil, é esperado que realize videoconferência. No mês passado, o Supremo Tribunal Federal manteve a decisão de proibir o presidente de viajar para o exterior. “Venham e acompanhem a defesa das ideias da liberdade, o combate ao socialismo e a doutrina da mão rigorosa contra a insegurança pública”, afirmou a CPAC Argentina em suas redes sociais.
A extrema-direita está eufórica com a eleição de Trump e entende que a CPAC é uma referência para o presidente eleito. A cartilha da CPAC é conhecida e reiterada a cada reunião do grupo. Foi assim, neste ano, em Maryland, nos Estados Unidos, e no Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Milei quer ser o elo da extrema-direita na América Latina e a “voz privilegiada”, dizem no seu governo, que conversa com Trump. E sua própria cartilha é alinhada com a CPAC.
Nesta semana, foi revelado que ele pretende acabar com as cotas por gênero no Congresso Nacional. Na campanha à Casa Rosada, ele negava a existência de desigualdade salarial e de oportunidades entre homens e mulheres. Continua pensando e agindo da mesma maneira. Ele e Trump também são negacionistas da mudança climática. A Argentina chegou a retirar a delegação do país no meio da cúpula climática da COP29, em Baku, no Azerbaijão.
Mas a geopolítica atual tem outras vertentes. O presidente eleito do Uruguai, Yamandú Orsi, da Frente Ampla, fez questão de ter o Brasil como seu primeiro destino internacional após ter sido eleito, no domingo passado. Orsi disse, mais de uma vez, que seu objetivo é um diálogo fluido e constante com o presidente Lula. Os dois se reuniram, nesta sexta-feira, em Brasília.
Na semana que vem, na sexta-feira (6/12), haverá reunião de cúpula do Mercosul em Montevidéu, no Uruguai. Lula e Milei devem se encontrar (esbarrar?) novamente. Hoje, o mapa da América Latina reúne mais presidentes de esquerda – Brasil, México e Colômbia, por exemplo – do que de direita. Mas Milei está tentando ser o epicentro dos conservadores na região, apesar do forte incremento dos índices de pobreza no seu primeiro ano de governo e da queda de 3,5% da economia neste ano.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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