Cancelamento e demissão de Maurício do vôlei servem mais à direita do que à causa LGBTQIA+
"Enquanto o brasileiro paga quase oito reais pelo litro de gasolina e o governo Bolsonaro prepara a privatização da Petrobrás, os brasileiros se distraem com um jogador de vôlei", diz Leonardo Attuch, editor do 247
Qual é a pauta mais importante do Brasil nos dias atuais? Sem sombra de dúvida, a política de preços pornográfica da Petrobrás, que lucrou R$ 31 bilhões no último trimestre e decidiu antecipar dividendos no mesmo valor a seus acionistas, enquanto brasileiros pagam quase oito reais por litro de gasolina e 125 reais pelo botijão de gás. Esta política de preços, implantada após o golpe de 2016, que derrubou a presidente Dilma Rousseff para que a renda do petróleo fosse desviada do povo brasileiro para acionistas privados da Petrobrás, sobretudo internacionais, não tem ideologia de gênero. Ela atinge héteros, gays, lésbicas e transexuais, de forma indiscriminada. Aumenta a fome, a miséria e a inflação para todos os golpeados.
No entanto, quando este assunto central para o futuro do Brasil, que é nossa soberania energética, deveria estar sendo discutido de manhã, de tarde e de noite e unindo brasileiros de todas as orientações sexuais, qual é o tema que bomba nas redes sociais? A polêmica que envolve o jogador Maurício, demitido pelo equipe de vôlei do Minas Tênis Clube, e seu post no Instagram sobre o filho do superman, personagem da DC Comics, que é bissexual. O que disse Maurício? "Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar…", postou o atleta:
Imediatamente, ele foi demitido pelo Minas Tênis Clube, a pedido de dois de seus patrocinadores: Fiat e Gerdau. Em seguida, a esquerda, que vem sendo massacrada pelos golpistas desde 2016, celebrou sua grande "vitória". Ato contínuo, a base bolsonarista nas redes sociais mobilizou todas as suas forças e o atleta ganhou nada menos que 800 mil seguidores em menos de 24 horas. Sinal de que a "agenda da família tradicional" tem mais adeptos do que a cultura "woke" – que foi desenvolvida nos Estados Unidos exatamente por forças que pretendem estimular o liberalismo nos costumes para fazer avançar ainda mais a agenda neoliberal na economia.
O tema Maurício e sua masculinidade supostamente ameaçada por um personagem de quadrinhos foi rapidamente utilizado pelos bolsonaristas para desviar o foco do que realmente interessa. Em vez de se explicarem sobre os crimes apontados pela CPI da Covid, pela máquina de fake news comprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral nas eleições de 2018 (e que segue a todo vapor) ou sobre os planos de privatização da Petrobrás para dar o tiro de misericórdia na soberania brasileira, enterrando de vez a era Vargas, como sempre sonharam os nossos liberais, do que eles falam? De sua solidariedade ao atleta Maurício.
Eis aí desenhado o cenário para a "mamadeira de piroca 2.0". Agora, a família Bolsonaro virá salvar a tradicional família brasileira do superman bissexual, enquanto entrega as riquezas nacionais e sepulta de vez qualquer possibilidade de desenvolvimento nacional. No fim, eles estarão todos ricos, talvez milionários ou até bilionários, e exercendo suas sexualidades em total liberdade. O povo brasileiro, por sua vez, estará cada vez mais pobre e condenado ao subdesenvolvimento. E quando tudo tiver sido destruído, virá então a proposta do ecossocialismo. Triste ver um país que tinha projeto e futuro sendo destruído de forma tão escancarada.
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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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