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    Pedro Benedito Maciel Neto

    Pedro Benedito Maciel Neto é advogado, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007.

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    Carta aberta à deputada Carla Zambelli

    Foi injusto e vil foi o que a senhora disse quando referiu-se a quem administra a cidade de Sumaré como “gente podre”

    Carla Zambelli. Foto: Pablo Valadares / Agência Câmara

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    Prezada Deputada, 

    Espero que esta missiva a encontre bem e capaz de compreender a quão injusto e, em certa medida, vil foi o que a senhora disse acerca da família política do Deputado Estadual Dirceu Dalben, quando referiu-se a quem administra a cidade de Sumaré como “gente podre”, mesmo que a senhora não tenha feito referência expressa aos membros do atual governo, a verdade é que a ofensa foi grave e a senhora precisa desculpar-se. 

    A senhora é jovem, passou algum tempo fora do Brasil e, com certeza, não conhece a realidade das vinte e uma cidades que compõem a RMC – Região Metropolitana de Campinas, assim como não conhece a belíssima história de vida do deputado Dirceu Dalben, que, nascido em Campinas, encontrou na região do Matão em Sumaré prosperidade, fundada no trabalho, na fé e nas ações sociais e políticas. 

    A senhora também não conhece Sumaré, sua História e demandas; a senhora ignora o quanto as famílias Castro Ruzza e Ruzza Dalben trabalharam e trabalham pelo desenvolvimento da cidade desde o final dos anos 1970; a senhora sequer era nascida, a senhora não sabe o quanto ofendeu todos que, como eu, em algum momento trabalharam ao lado deles pelo bem de Sumaré.

    O que é exatamente “gente podre”? 

    Eu poderia, em tom ofensivo, fazer longas referências às suas condenações deputada, aos processos que a senhora responde, mas não farei isso, contudo, convém lembrá-la que a imunidade parlamentar material só a protege nos atos, palavras, opiniões e votos proferidos no exercício do ofício congressual, tal imunidade parlamentar que a senhora invocou para dizer que a cidade de Sumaré foi administrada por “pessoas podres”, não a protege em casos de injúria, difamação ou calúnia proferidas contra terceiros, afinal, os parlamentares devem ser responsáveis por suas ações e palavras, evitando ofender ou prejudicar a honra e a dignidade de outros cidadãos. A imunidade parlamentar deve ser usada para proteger a independência do legislativo, não para garantir impunidade para crimes ou abusos de poder.

    A senhora não pode dizer o que quer, tanto que em maio de 2023, a senhora, a senadora Mara Gabrilli e o senador Flávio Bolsonaro foram condenados pelo TSE a pagar R$ 10 mil ao presidente Lula, por espalharem a notícia falsa de que ele teria pago para não ser relacionado ao assassinato de Celso Daniel; no mesmo mês de 2023, a senhora foi multada em R$ 30 mil por divulgar a notícia falsa sobre a manipulação de urnas eletrônicas; e em fevereiro de 2024, o mesmo tribunal a multou em mais R$ 30 mil por propagação de desinformação contra o então candidato Lula durante as eleições presidenciais de 2022; ou seja, ou seja, a senhora, apesar de jovem (ou talvez por isso), é useira e vezeira do uso de exageros nas palavras e no desrespeito às pessoas; deputada, sejamos cordatos, isso é no todo desprezível.

    Além das condenações citadas, a senhora está envolvida em polêmicas, com desmembramento judicial grave, que podem levá-la a condenações e até mesmo à prisão, contudo, meus comentários nunca a ofenderão enquanto pessoa, minhas divergências são às suas posições, ideias, palavras, exageros, etc., não me referirei à senhora ou àqueles que a acompanham como pessoas “podres”, por isso não comentarei as representações que a senhora sofreu e sofre no conselho de ética da Câmara do Deputados por quebra de decoro, ou os processos que a senhora responde e os inquéritos nos quais é investigada, o espaço aqui é pequeno, mas afirmo: a senhora pode tornar-se uma caricatura patética, em mantendo tanto desprezo pelos valores republicanos.

    A senhora é uma deputada, reeleita e precisa manter-se no campo republicano e do respeito aos valores humanos, pois, além da sua posição as suas palavras tem enorme alcance através das redes sociais, por isso, eu, que fui secretário municipal e Sumaré entre 2003 e 2004 e depois entre 2017 e final de 2019, peço: se desculpe conosco, se desculpe com todos aqueles que trabalharam pelo bem da cidade, pois, garanto à senhora, se há alguma podridão em Sumaré é aquela que sai da boca de pessoas irresponsáveis.

    A partir de 1º de janeiro a cidade será administrada por outro jovem prefeito e todos que amam a cidade, mesmo os que passarão à oposição como eu, não se referirão aos Stein e os que estiverem com ele, como “pessoas podres”, pois, somos democratas e sabemos que os nossos verdadeiros inimigos são os problemas e não as pessoas.

    Saudações democráticas.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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