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    Leonardo Attuch

    Leonardo Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247.

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    Caso Banestado: o que é fato e o que é ficção

    O jornalista Leonardo Attuch comenta a polêmica com Pepe Escobar, durante transmissão na TV 247

    (Foto: Reprodução da internet)

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    Quem assistiu à análise geopolítica do correspondente Pepe Escobar, transmitida nesta quinta-feira 23 pela TV 247, pode ter se surpreendido com uma incomum exaltação nos trinta minutos finais. O motivo: a polêmica sobre o caso Banestado, escândalo ocorrido no início deste século, sobre um esquema de evasão de divisas que envolvia doleiros e uma instituição financeira que pertenceu ao governo do Paraná e foi posteriormente vendida para o banco Itaú.

    A pedido de alguns leitores, Pepe comentou sua coluna publicada no dia de hoje, no site Asia Times, que trata do caso e termina com uma pergunta: "O que nos leva à questão-chave final: o que Lula fará sobre isso?". A indagação leva a crer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria abraçar e repercutir artigos que vêm sendo publicados por um site sensacionalista, sediado na Suíça.

    A discussão teve início quando o questionei sobre o que caberia ao ex-presidente fazer. Por coincidência, há exatos 17 anos, eu mesmo publiquei, como reportagem de capa da revista Istoé Dinheiro, uma matéria sobre os mapas da evasão de divisas e lavagem de dinheiro do caso Banestado. A reportagem citava a chamada "Conta Tucano", que supostamente teria sido usada pelo PSDB em suas campanhas eleitorais. Um dia depois, o portal Conjur repercutiu esta reportagem e logo em seguida foi instalada uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito no Congresso Nacional. O relatório final foi apresentado em dezembro de 2014 e pediu o indiciamento de 91 pessoas, incluindo um ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, que havia liberado as chamadas contas CC-5.

    Paralelamente à CPMI, a Polícia Federal desencadeou a Operação Farol da Colina, que prendeu dezenas de doleiros, incluindo o protagonista da Lava Jato, Alberto Yousseff. Como o responsável pelo caso foi o ex-juiz Sergio Moro, tudo indica que a Farol da Colina foi uma espécie de laboratório para a Lava Jato, onde foram testados os métodos posteriormente utilizados, como as delações premiadas. 

    Quase duas décadas depois disso, o site suíço passou a alegar ter tido acesso a uma suposta "lista vip" do caso Banestado, com nomes de personagens que teriam sido poupados pela CPMI, em troca de proteção ou de vantagens indevidas. A tática é alardear aos quatro ventos há a suposta "lista vip", sem, no entanto, publicá-la. Quem, por curiosidade, visita a fonte do suposto escândalo ali encontra apenas três PDFs antigos, que em nada se assemelham a uma "lista vip". No entanto, aqueles jornalistas que não repercutem a não-denúncia são acusados de engavetá-la para proteger o sistema. Esta é a armadilha. Todos são podres, exceto o site que implora por uma repercussão que nunca chega. E se até alguns aliados do ex-presidente Lula não compram a tese, logo são rotulados como traidores da causa, que teria apenas um verdadeiro defensor: o sensacionalista suíço.

    Sendo então uma armadilha, significa que tropecei e caí nela? Talvez sim, talvez não. Por respeito aos telespectadores, pedi que Pepe Escobar comentasse sua coluna. Se não o fizesse, seria acusado de esconder o caso. E se não o questionasse, estaria dando vazão a uma tese sensacionalista. Na live desta quinta-feira, minha exasperação se deveu única e exclusivamente ao fato de ver um amigo embarcar num trem que não vai sair da estação porque não há carvão nem maquinista. 

    Ainda assim, admito a hipótese de eventualmente estar errado e reforço o desafio público lançado ao vivo. Caso algum jornalista sério publique uma reportagem com começo, meio e fim, indicando os nomes que integram a tal "lista vip", e abrindo espaço para o outro lado, terão todo o espaço para publicá-la no 247. Só não me cobrem repercussão de algo que não foi publicado nem pelos pretensos apuradores dessa história. Reitero: o que há nos três PDFs é apenas uma relação aleatória de nomes, sem grande relevância jornalística. Café requentado à procura de cliques e de falsas polêmicas.

    Quem tiver interesse em saber mais, pode conferir nos trinta minutos finais deste vídeo:



    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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