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    Dom Orvandil

    Bispo Primaz da Igreja Católica Anglicana, Editor e apresentador do Site e do Canal Cartas Proféticas

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    Católicos e evangélicos vacilam entre Bolsonaro e Lula. Por quê?

    É incompatível a fé em Jesus com o fascismo e com o apoio ao roubo que a minoria capitalista faz dos trabalhadores e dos pobres

    (Foto: Reprodução)

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    Apesar da ditadura imperialista-empresarial-militar sufocar debaixo de prisões, torturas, baionetas, assassinatos, desparecimentos e exílios de quantidade inimaginável de patriotas, durante as décadas de 60 – 90 vivemos enorme riqueza de organizações e formações teológicas de cristãos e de cristãs católic@s, evangélic@s e protestantes, que buscavam aprofundamento da consciência política e da resistência.

    Documentos históricos testemunham a fartura de militantes crist@s organizados  em partidos de caráter revolucionário. Não havia contradição entre fé e ativismo materialista pela transformação da sociedade. Dizia-se de ambos os lados de que a dialética materialista não era credo, mas método científico de intervenção na realidade econômica, política e social. Portanto, o método sendo científico não exige o ateísmo comO condição para a luta revolucionária. Tudo o que os eventos fatuais exigem é da verdade. E isto interessa ao cristianismo, cujo seguimento de Jesus de Nazaré o projeta entre os pobres, principalmente com a classe trabalhadora.

    Mas o que leva contingentes significativos de segmentos religiosos das igrejas a se inclinar ao apoio à direita, pior ainda, ao fascismo como é o caso da base que dão a Jair Bolsonaro, notório mentiroso, produtor de fake news, de nagacionismo e de desrespeito aos direitos humanos?

    Uma das hipóteses é de que as igrejas foram conscientemente tomadas pela ideologia neoliberal desde fins da década de 80. Teólogos pós graduados nos Estados Unidos, bolsistas da CIA, se tornaram canalizações da deformação da fé e na distorção da figura de Jesus, tornando-o uma figura desencarnada, fantasmagórica e entronizada. A falsa teologia da prosperidade, de ampla penetração nos âmbitos católicos e evangélicos, fez das igrejas verdadeiros mercados persas para vendas e compras de amuletos e de produtos “abençoados” com o objetivo supersticioso, mas sobretudo com interesses comerciais. Aí colocaram pedaços da cruz de Jesus, a água do Rio Nilo bebida por Moisés e outros amuletos exploradores da fé popular.

    Outra hipótese foi a da cooptação de lideranças para os parlamentos municipais,  estaduais e federais e o gosto pelo poder e pelas verbas públicas em abundância, empoderando suas chefias. Isso ocorre como processo acelerado de corrosão ética e dos compromissos de fé, superlativando o dinheiro em detrimento da missão do Reino.

    O resultado, acompanhado de imenso analfabetismo bíblico, teológico e político, com congregações de milhares de pessoas feitas tropas de gado, tocadas por lideranças tiranas, que abusam do poder que detêm sobre pessoas cabresteadas, é o desaguamento na tragédia Bolsonaro. Uma vez aí embretadas, essas multidões acolhem como verdadeiro o banho no Rio Jordão do ocupante atual da presidência da república, como se fosse o batizado do novo Cristo e redentor.  Nesse caminho de sombras e de morte não relacionam os símbolos das arminhas com as mãos, dos deboches das mortes pela COVID 19, da destruição da base econômica estatal do país, da minimização dos povos originários e do meio ambiente como contradição à fé e ao compromisso com Jesus de Nazaré. Este não é sequer considerado. Foi trocado por um Jesus maravilhoso e egoísta, habitante de corações alienados, apáticos e inimigos da Pátria.

    Impõe-se a volta ao Jesus de Nazaré ou a completa negação destas igrejas como cristãs. É incompatível a fé em Jesus com o fascismo e com o apoio ao roubo que a minoria capitalista faz dos trabalhadores e dos pobres, gerando pobreza, miséria e mortes.  

    A convenção da Assembleia de Deus Madureira de Goiânia receber Jair Bolsonaro e ovacioná-lo é honrar satã em desprezo à vida abundante pela qual Jesus não titubeou enfrentar César e o poder econômico representado pelo templo de Jerusalém no seu tempo.

    Este é o transfundo explicativo da imensidão numerosa de pessoas enganadas por pastores, pastoras, bispos e padres a votar na mentira e no desastre nacional em 2018. É de pasmar que ainda muitas pessoas dancem confusas entre  o miliciano Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua disposição de libertar o Brasil do fascismo, recuperar a classe trabalhadora, incinerar o pacote da desgraça, este representado pela deformaçaõ trabalhista promovida pelo golpista, corrupto e  vampirão Michel Temer, eivado de desemprego, pobreza e miséria da classe produtora brasileira.

    Abraços proféticos e revolucionários,

    Dom Orvandil.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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