Chegou a hora de Bolsonaro: ex-presidente é alvo de operação da Polícia Federal
Enquanto Bolsonaro alega perseguição, a Operação Tempus Veritatis coloca em xeque a estabilidade política do país
A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação impactante nesta quinta-feira (8/2), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não escapou dos holofotes da investigação. Agentes da PF foram até sua residência em Angra dos Reis, realizando apreensões e deixando o cenário tenso.
Um dos alvos da operação foi o assessor de Bolsonaro, Tercio Arnaud Tomaz, cujo celular foi apreendido. Além disso, o ex-presidente foi notificado para entregar seu passaporte em um prazo de 24 horas. Uma reviravolta que evidencia a intensidade das investigações.
Bolsonaro, por meio de sua assessoria, expressou seu descontentamento: “Saí do governo há mais de um ano e sigo sofrendo uma perseguição implacável”. O presidente, visivelmente irritado, ressaltou que já há outro governante no país.
A PF deflagrou a Operação Tempus Veritatis para investigar uma suposta organização criminosa envolvida em um possível golpe de Estado. O objetivo seria a abolição do Estado Democrático de Direito em busca de vantagens políticas, mantendo o então presidente no poder.
A operação atingiu em cheio o círculo próximo a Bolsonaro. Entre os alvos, destacam-se os ex-ministros generais Augusto Heleno (GSI), Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Anderson Torres (Justiça) e o ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira.
A PF executou quatro prisões preventivas e 30 mandados de busca e apreensão em 10 estados e no Distrito Federal. Entre os detidos estão Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, e Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais do presidente.
Todas as medidas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito do inquérito das milícias digitais. Esse respaldo jurídico confere à operação uma legitimidade que certamente será debatida nos próximos dias.
Enquanto Bolsonaro alega perseguição, a Operação Tempus Veritatis coloca em xeque a estabilidade política do país. Os desdobramentos futuros dessa operação certamente influenciarão o cenário político nacional.
Na segunda-feira (5/2), a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, premonizou que a hora do ex-presidente “já chega” e que não haverá “arrego” para golpistas. Ela se referia à entrevista de Bolsonaro a um influenciador de direita português, quando o ex-presidente disse que os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) agiram para eleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “a qualquer preço”.
Aqui está o comunicado oficial da PF:
Operação da Polícia Federal apura tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8/2) a Operação Tempus Veritatis para apurar organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.
Estão sendo cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. Policiais federais cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, nos estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Nesta fase, as apurações apontam que o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital.
O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas Eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022.
O segundo eixo de atuação consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível.
O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados, em apoio à Polícia Federal.
Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
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