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José Reinaldo Carvalho

Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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China e Rússia promovem a multipolaridade na Eurásia

A aposta principal da Organização para a Cooperação de Xangai é a união e não a divisão, a paz e não o conflito, a cooperação e não o confronto

(Foto: Xinhua)

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Por José Reinaldo Carvalho - Chefes de Estados e Governos reuniram-se na quinta-feira (4) em Astana, capital do Cazaquistão, na 24ª Cúpula da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX).

A OCX é constituída por Cazaquistão, Índia, Quirguistão, Paquistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Irã, Rússia e China, estes últimos representados pelos presidentes Putin e Xi Jinping. A entrada da Bielorrússia foi aprovada durante a Cúpula. 

Foi mais um passo para a constituição da comunidade global proposta pelo presidente chinês Xi Jinping. A aposta principal é a união e não a divisão, a paz e não o conflito, a cooperação e não o confronto.  Os membros da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) devem consolidar a unidade e se opor conjuntamente à interferência externa diante dos desafios reais de interferência e divisão, disse o presidente chinês Xi Jinping nesta quinta-feira durante a Cúpula de Astana.

“Os membros da OCX devem apoiar-se firmemente uns aos outros, acomodar as preocupações uns dos outros, lidar com as diferenças internas com um espírito de harmonia e resolver as dificuldades de cooperação buscando pontos comuns enquanto reservam as diferenças, e firmemente tomar em nossas próprias mãos o destino de nossos países e a paz e o desenvolvimento da região”, afirmou o presidente chinês, que também renovou o apelo para que os países da OCX não caiam na armadilha ficar sob o fogo cruzado de uma nova guerra fria. 

Por sua vez, o presidente russo Vladimir Putin falou com assertividade sobre a chegada da ordem multipolar. 

"Hoje, enquanto o mundo passa por mudanças rápidas e irreversíveis, a posição proativa da OCX nos assuntos internacionais é muito necessária. Um mundo multipolar já é uma realidade", destacou ele.

"Estamos convencidos de que, juntamente com o Brics, a Organização de Cooperação de Xangai é um pilar da ordem mundial emergente. Essas duas organizações servem como uma força motriz poderosa por trás dos processos de desenvolvimento global e dos esforços para garantir a verdadeira multipolaridade", acrescentou Putin.

O presidente russo observou que "um número crescente de países está clamando por uma ordem mundial mais justa e expressa determinação em defender seus direitos legítimos e valores tradicionais; novos centros de poder e desenvolvimento econômico estão surgindo e se fortalecendo."

Segundo o líder russo, a iniciativa da OCX pela unidade global, um mundo justo e a harmonia marca um passo em direção à multipolaridade. "A iniciativa é claramente voltada para o desenvolvimento de medidas de confiança, particularmente no campo da estabilidade e segurança, principalmente em nossa comum região eurasiática", explicou Putin. "Essas medidas são destinadas a garantir condições iguais de desenvolvimento para todos, independentemente dos sistemas políticos e econômicos dos países, antecedentes religiosos e culturais", disse Putin. 

A Cúpula de Astana aprovou uma Declaração em que exalta os valores da cooperação e proclama o ano de 2025 como o Ano do Desenvolvimento Sustentável. 

A Organização para a Cooperação de Xangai (SCO) tem-se afirmado como um dos pilares centrais da emergente ordem multipolar. Fundada em 2001 com a missão de promover a segurança regional, a estabilidade econômica e a cooperação multilateral, a OCX tornou-se um exemplo de como novas alianças podem transformar a geopolítica contemporânea. 

A China e a  Rússia são os motores da OCX e a têm utilizado, assim como outros grupos, como o Brics, para consolidar o mundo multipolar, e consolidar mais um contraponto à hegemonia do imperialismo estadunidense e seus parceiros. As duas potências euroasiáticas, com suas vastas capacidades econômicas e militares, compartilham uma visão comum de um mundo e acabam de reafirmar que suas relações estão vivendo a era de ouro.  A OCX constitui uma plataforma para que ambos os países não apenas fortaleçam suas parcerias estratégicas, mas também promovam um modelo de cooperação que rejeita a dominação unipolar.

A OCX destaca-se pelo seu compromisso com a conectividade e a cooperação. Iniciativas como a Estrutura Regional Antiterrorista e os exercícios militares conjuntos têm sido fundamentais para manter a segurança regional, enquanto projetos como a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) promovem o desenvolvimento econômico através da criação de corredores de transporte e infraestrutura energética.

A OCX é também uma defensora da inclusão e do multilateralismo genuíno. Com seus 10 membros plenos, os países observadores e  parceiros de diálogo, a organização abrange mais de 60% da massa terrestre da Eurásia e mais da metade da população mundial. Este modelo de inclusão contrasta fortemente com blocos mais exclusivistas e sublinha a importância da diversidade e da cooperação entre diferentes civilizações. 

A emergência da OCX como uma força influente na política global é um indicativo claro da emergência do mundo multipolar. A capacidade da OCX de unir países com diferentes sistemas políticos e econômicos em torno de objetivos comuns demonstra que a multipolaridade não apenas é possível, mas também desejável. 

A Organização para a Cooperação de Xangai é, assim, um pilar fundamental da emergente ordem multipolar. Com a liderança de China e Rússia e seu compromisso com a conectividade, cooperação e inclusão, a OCX está bem posicionada para moldar o futuro da geopolítica global. 

Em um mundo cada vez mais dividido e conflituoso, a OCX oferece um paradigma de como a cooperação multilateral pode levar a um futuro mais estável e próspero para todos. Nesse contexto, a OCX dá importante contribuição ao desenvolvimento global e à segurança coletiva, requisitos fundamentais para a paz.

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