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    Cesar Calejon

    Jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor dos livros A ascensão do bolsonarismo no Brasil do Século XXI, Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil

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    Ciro Gomes enterra a sua imagem política ao lado do trabalhismo pedetista

    Ao tentar seduzir conservadores, Ciro não só falha miseravelmente como cede as suas costas como degrau para que a extrema direita consiga se lançar ao 2º turno

    Candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

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    Por Cesar Calejon, para o 247

    Pouquíssimas vezes, ou talvez jamais, na história das eleições republicanas brasileiras, um candidato cometeu tantos erros crassos, em um período tão curto, quanto Ciro Gomes o fez ao longo do último ano.

    Insistindo na mesma estratégia desde o segundo semestre de 2021, o pedetista jamais sequer atingiu a casa dos dois dígitos nas intenções de votos segundo todos os principais institutos de pesquisa do país.

    Ainda assim, apesar de ser conhecido pela sua suposta inteligência e bagagem cultural, Gomes foi incapaz de reformular a sua abordagem e agora, a meu ver, passa a pleitear a adesão da direita liberal para assumir a posição de líder da oposição ao próximo governo progressista.

    Neste sentido, por conta da sua vaidade, teimosia e irresponsabilidade, Ciro Gomes enterra a sua imagem política ao lado do trabalhismo pedetista de Leonel Brizola, que sabiamente afirmou: “divididos, seremos sempre degraus para a direita subir”.

    Ao tentar seduzir parte dos eleitores mais conservadores, Ciro não somente fracassa miseravelmente, mas cede as suas próprias costas como apenas mais um degrau para que a extrema direita siga na luta e consiga se lançar ao segundo turno.

    Após a provável derrota do bolsonarismo, Ciro estará perdido ao tentar se opor à administração do Partido dos Trabalhadores via PDT e, exatamente por isso, talvez esteja enterrando a sua atual identidade.

    Optou pela sua vaidade e pelo seu próprio ego em detrimento do projeto trabalhista que ele tanto afirmou ter desenvolvido em prol do Brasil. Neste processo, também eliminou a sua chance de finalmente assumir a Presidência da República em 2026 ou 2030.

    Brizola também salientou que “(...) devemos fazer o desenvolvimento para o homem e não condicionar o homem à sua prática. A grande revolução a que aspiramos, a qual, ao nosso entender, precede a do próprio progresso econômico, é a educação do povo. Uma revolução que liberte o povo do analfabetismo e da ignorância”.

    Essa foi talvez a principal característica dos anos durante os quais o Partido dos Trabalhadores esteve à frente do comando da nação. Portanto, para fazer oposição a essa proposta, Ciro talvez deva engrossar os quadros de partidos como o PL ou PSDB daqui para frente.

    Seguramente, esses partidos parecem mais adequados para a nova versão do político que um dia esteve alinhado com o projeto de emancipação da classe trabalhadora idealizado por Leonel Brizola.

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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