Ciro pulou para a centro-direita
"Na 'frente ampla' de Ciro pelo impeachment de Bolsonaro, o principal político da esquerda, Lula, não pode entrar. É hora do campo progressista desistir de uma unidade com sua participação. Ciro já está do outro lado", escreve o jornalista Aquiles Lins, editor do 247, sobre as declarações do ex-ministro nesta segunda-feira (18)
Por Aquiles Lins, para o Jornalistas pela Democracia
O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) não busca unidade do campo progressista na luta contra o governo neofascista de Jair Bolsonaro. Ciro mostra a cada declaração que pretende mesmo é ser visto como uma alternativa da centro-direita para as eleições de 2022.
Nesta segunda-feira, 18, durante participação em transmissão do canal TV Democracia, Ciro voltou a direcionar sua metralhadora giratória para a mídia progressista e disparou 400 xingamentos e acusações por minuto contra o Brasil 247 e o Diário do Centro do Mundo (DCM), chamando-os, equivocadamente de "gabinete do ódio da esquerda". Uma comparação absolutamente descabida e uma acusação leviana, haja vista que o 247 se pauta pela defesa da democracia, da pluralidade e do humanismo.
O jornalista Leonardo Attuch, editor-responsável pelo 247, respondeu ao pedetista. "Por que será que o @cirogomes nos odeia? Logo nós que somos tão paz e amor? A meu ver, ele, que eu considerava ser um amigo, não aceita críticas de natureza política e parte logo para a baixaria. Relaxa, Ciro, nós te amamos", escreveu Attuch pelo Twitter.
Fora os ataques à imprensa progressista, a entrevista de Ciro ao canal do jornalista Fábio Pannunzio traz algumas declarações que podem apontar para que lado do espectro político ele ruma. Em dado momento de sua fala, Ciro fala em enfraquecer Bolsonaro politicamente "por todos os meios possíveis" e defende construir "um diálogo com quem quiser" para resguardar a democracia.
Na mesma entrevista, entretanto, Ciro reitera que estará para sempre em campo oposto ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Vocês vão assinar juntos o impeachment? Não vamos não. Você nunca mais vai ver minha assinatura em nenhuma tarefa com o Lula. Nunca mais", disse Ciro. Daí depreende-se que o político pedetista quer uma frente ampla pelo impeachment de Jair Bolsonaro e em defesa da democracia, mas sem a participação do maior partido de esquerda e do maior líder político da esquerda. Uma coalizão nestes moldes não é nem ampla, nem progressista.
Ao dizer que jamais assinará qualquer documento em conjunto com Lula, o presidenciável Ciro Gomes está interessado objetivamente em derrubar Bolsonaro, mas em demarcar seu território, e ele é o da centro-direita, em aliança com o DEM, de Rodrigo Maia, e outros partidos conservadores-liberais.
Ciro Gomes já desistiu há muito tempo de ser representante da esquerda ou da centro-esquerda. Sua ida para Paris no segundo turno das eleições presidenciais, se negando a declarar apoio a Fernando Haddad por puro ressentimento, ajudou na eleição de Jair Bolsonaro. É hora da esquerda desistir de uma unidade do campo progressista com a participação de Ciro. Ele já está do outro lado.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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