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    Camilo Irineu Quartarollo

    Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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    Colonização digital

    Deveríamos ter nossa própria rede no país e regular as estrangeiras, isso é soberania

    Conta de Elon Musk no X aparece bloqueada em tela de celular em foto de ilustração 31/08/2024 (Foto: REUTERS/Jorge Silva)

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    As eleições são janelas para se decidir rumos da política a favor ou contra nossos interesses. Porém, a campanha digital piora a já piorada Democracia representativa. 

    As eleições são vistas apenas como mais um campeonato. “É tudo igual mesmo”, entretanto, escolhem o que mais diverte... A política de um país colonizado, com extinção do sistema escravista historicamente recente, é refém da distração divertida de um bobo da corte, de uma colonização digital. Ria e trabalhe... pra nós. 

    A rede X foi suspensa, devido ao não cumprimento das leis do país, por permitir a disseminação de discursos de ódio, racistas e antidemocráticos. O magnata Musk ataca o ministro que lavrou a sentença e afronta o país alegando liberdade de expressão, entretanto as redes podem excluir rapidamente conteúdos como de pedofilia e nem sempre fazem. Dorme no Congresso o projeto de regulação das redes, não anda. Deveríamos ter nossa própria rede no país e regular as estrangeiras, isso é soberania, pois querem interferir inclusive nas eleições e sistemas de governo brasileiro. 

    As redes têm nossos dados todos, até o que comemos no escuro. Somos alcançados até debaixo da cama. Se você entrar na NET para comprar um rádio hoje, amanhã choverá anúncios de rádios de vários formatos, cor e preços. Aquele que tem poder e astúcia para o tráfego cibernético consegue entuchar bilhões de recortes no seu celular e na sua cabeça.

    O candidato ao governo paulistano Pablo Marçal é um influencer, mestre na estratégia de monetização, com manobras incomuns de recortes em redes sociais, de muita zoação. O tal pichou de forma baixa e preconceituosa seu oponente, pois mesmo se o Boulos, que não é, fosse um dependente químico de cocaína mereceria respeito. Em resposta, entretanto, o candidato Boulos o desafiou a provar. O provocador se esquivou e disse que o faria no final da campanha. Antes disso, porém, um grande jornal de São Paulo elucidou essa fake: homonímia. Muitos silvas que estão se divertindo no celular talvez nem imaginem o que seja. 

    O debate televisivo promovido pela Band aos candidatos de Piracicaba-SP foi ridículo, não pelos candidatos, mas pelo tempo exíguo de discussão e escolha dos temas. Não houve praticamente discussão no sentido de conhecimento, só farpas e diziam “acessem meu plano de governo na minha página”! 

    Política é um tabu no Brasil, ninguém gosta e os comentários são: é tudo ladrão. Tem-se a ideia de que política sejam os políticos, não o sistema político que precisa de reforma urgente e de reciprocidade com quem os elegeu – fazem o que querem. Em Cuba ou na China a escolha se inicia do menor distrito até o alto escalão, peneirando. A Democracia participativa, guardadas as devidas proporções e sistemas, purifica e elimina aventureiros no processo de seleção e, inclusive, livra da colonização digital.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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