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    Alberto Goldman

    Ex-governador de São Paulo (PSDB)

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    Com o fantasma do golpe, Dilma acena com um golpe

    Dilma acena com o fantasma do golpe. Que golpe? Onde estão as forças armadas? Estão quietas nos quarteis. Onde estão os interesses empresariais? Os grandes, nos últimos anos, mamaram nas tetas do governo

    Dilma acena com o fantasma do golpe. Que golpe? Onde estão as forças armadas? Estão quietas nos quarteis. Onde estão os interesses empresariais? Os grandes, nos últimos anos, mamaram nas tetas do governo (Foto: Alberto Goldman)

    Dilma afirma que a oposição usa denúncias na Petrobrás para dar um “golpe” no país.

    Isso me faz recordar o início da década de 1960. Com a renúncia de Janio Quadros deu-se, após o veto militar para a sua posse e o acordo/conciliação para a mudança do sistema de governo (de presidencialista para parlamentarista) a posse na presidência do país do então vice presidente João Goulart. Pouco tempo depois Jango, como era conhecido o presidente, conseguiu a aprovação de emenda constitucional que faria o presidencialismo retornar como sistema de governo. Passou a ser presidente com todos os poderes do cargo.

    O seu período de governo foi muito tenso e tumultuado, com manifestações sindicais e populares pelas chamadas “reformas de base”, um conjunto de medidas que, de fato, permitiriam um sistema capitalista mais moderno, necessário ao desenvolvimento das forças produtivas. A oposição considerava essas reformas como sendo medidas socializantes, o prenúncio do comunismo, o fantasma para assustar a população, e acusava Jango de pretender dar um golpe para se manter no poder. Com essa bandeira as forças reacionárias da sociedade, com apoio de amplos setores empresariais, da maioria da imprensa e da cúpula das forças armadas deram, elas sim, um golpe, depuseram o presidente e implantaram uma ditadura militar/civil que durou cerca de 20 anos.

    Dilma acena com o fantasma do golpe. Que golpe? Onde estão as forças armadas? Estão quietas nos quarteis. Onde estão os interesses empresariais? Os grandes, nos últimos anos, mamaram nas tetas do governo e enriqueceram às custas de grandes negócios financiados pelo aparelho público. Onde estão os sindicatos? Totalmente tomados e neutralizados pelo partido no poder que alimenta os seus dirigentes com benesses e cargos públicos muito bem remunerados.

    Dilma cita as denúncias que hoje remoem as entranhas da Petrobrás. São “denúncias” ou informações trazidas à luz por dirigentes da própria empresa, levados a fazê-las em face das investigações dos órgãos do Estado brasileiro com legitimidade para realiza-las?

    A incoerência, a total confusão mental da presidente, não lhe permite ver que ao mesmo tempo que, nos programas eleitorais e entrevistas nesse período eleitoral, gosta de repetir que a “sua” polícia federal e o “seu” ministério público são os responsáveis por tirar a sujeira de debaixo do tapete, ela acusa a oposição de usar dessas revelações, feitas por gente de sua própria gang, para articular um “golpe” no país.

    E que golpe? Como e com quem?

    A oposição lutou em várias eleições para derrotar, democraticamente, esse partido que levou o país a uma situação de calamidade moral, política e econômica. E continua lutando, agora, em 2014, também nas urnas, para que o povo brasileiro se veja livre da quadrilha que tomou conta do país. Lula diz que está “de saco cheio” com as denúncias. Na verdade é o povo que está “de saco cheio” dele.

    Quando Dilma levanta o perigo do golpe da oposição, me faz lembrar o período de 1964. Lá se acusava Jango de articular um golpe na democracia mas deu-se um outro golpe, em tese, para evita-lo, vindo dos acusadores. Agora ela faz o mesmo, ainda que em posição diferente, no comando do governo. Será que passa em sua cabeça um movimento de massas, dirigido pelo PT, para evitar que a oposição dê o “golpe”? Ela vai considerar um “golpe” a eleição de Aécio Neves? Está acenando com um “contra golpe”?

    Se assim pensa, vai dar com os burros n’água.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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