Comunistas no Brasil, uma história de luta pela afirmação de uma corrente revolucionária
Está no prelo meu novo livro, escrito em coautoria com o jornalista Wevergton Brito
José Reinaldo Carvalho, 247 - Em parceria com o jornalista Wevergton Brito, camarada de tantas jornadas de lutas políticas e ideológicas em veículos de comunicação do PCdoB e nas lides internacionalistas, estamos lançando pela Editora Kotter o livro Comunistas no Brasil – Um partido centenário para um novo tempo, uma singela contribuição que se soma a outras tantas neste ano em que transcorre o centésimo aniversário da fundação do Partido Comunista do Brasil, uma efeméride incontornável não só para os comunistas, mas para todos os progressistas que almejam a democracia popular, a genuína soberania nacional e o socialismo em nosso país. O livro está no prelo, já em pré-venda, e deverá circular em setembro.
Nosso propósito é responder a uma simples pergunta: “Passados 100 anos desde seu aparecimento na constelação de partidos brasileiros, o Partido Comunista do Brasil tem lugar político prático, uma missão contemporânea a cumprir?” Desde o início, afirmamos que sim.
O centenário da fundação do Partido Comunista do Brasil tem motivado debates, reflexões e comemorações. Eventos políticos, artístico-culturais e acadêmicos foram realizados em diversos estados do país. O PCdoB e o PCB, que reivindicam a herança do partido fundado em 1922, promoveram eventos, lançaram documentos, reafirmaram convicções e apresentaram suas visões para o futuro da atuação dos comunistas na vida política brasileira. Diferentes organizações internacionais noticiaram o centenário do movimento comunista brasileiro e se manifestaram por meio de mensagens.
A historiografia brasileira sobre o partido comunista é vasta e cumpre satisfatoriamente a missão de documentar a trajetória do protagonismo desta corrente nas lutas políticas, sociais e culturais do povo brasileiro, assim como sua inserção em movimentos internacionais. O que nos moveu a escrever e publicar este trabalho não foi preencher alguma eventual lacuna, missão de que se encarregam os historiadores e as próprias direções das organizações que reivindicam a tradição do partido fundado em 1922. Fomos impulsionados pelo desejo de opinar como militantes que se dedicam há décadas à construção partidária sobre alguns aspectos que nos parecem essenciais e determinantes.
Nosso pressuposto, ponto de partida da interpretação que fazemos da história do partido, é a necessidade de que a esquerda seja dotada de uma linha revolucionária voltada para a transformação total e profunda da sociedade, o que em nossa opinião pressupõe uma ruptura com a ordem vigente, com o regime político, econômico e social das classes dominantes e do sistema imperialista, e o advento de uma nova sociedade, a socialista.
Refutamos a tese social-democrata, esposada também por supostos neocomunistas, de que a época atual é receptiva apenas a partidos de direita, de esquerda reformista com visão estratégica limitada e tática distorcida, adaptativa, e de grupos que veem a luta por mudanças apenas sob a ótica de nichos estreitos e sectários em que se fragmentam as lutas sociais.
Também rechaçamos o nacionalismo estreito e o culto à democracia liberal.
Enfrentamos o debate a partir da recordação e da valorização de fatos fundamentais na história do partido, inclusive momentos de rupturas, quando o movimento comunista brasileiro cindiu-se entre uma corrente revolucionária e outra reformista. Uma luta que no fundo opunha os que defendiam a existência de um partido comunista voltado para a realização de transformações de fundo na sociedade e aqueles que designamos como oportunistas de direita e liquidacionistas, antinomia que ressurge hoje em um cenário distinto e com outros protagonistas.
A esquerda brasileira é formada por uma miríade de partidos e agrupamentos das mais diversas culturas políticas e convicções teóricas e ideológicas, que decerto ainda não tiveram tempo político para amadurecer o percurso até alcançar a indispensável unidade política que lhes permita enfrentar melhor desafios como a formulação de estratégias e táticas capazes de iluminar o caminho da emancipação nacional do povo brasileiro por meio de transformações revolucionárias.
Em meio à dispersão e fragmentação das lutas, um fenômeno real, hoje é mais tênue o empenho dos quadros da esquerda para afirmar identidades políticas e ideológicas, como se definições deste tipo fossem uma maldição que sobrevive do passado. Consideramos indispensável que os comunistas afirmem sua identidade. A unidade ampla com outras forças políticas em torno de bandeiras convergentes não elimina, ao contrário pressupõe, a afirmação da identidade e independência do partido comunista, que em nenhuma circunstância se dissolve no seio de outras legendas.
Neste trabalho buscamos explicitar a convicção de que o empenho na construção e fortalecimento do partido comunista não é um ato de encapsulamento, de entrincheiramento em posições do passado, a opção por uma militância sectária. Desde Marx, Engels e Lênin - este último o principal teórico da estratégia e da tática da luta revolucionária pelo socialismo e a construção de uma vanguarda capaz de realizá-las -, a luta dos trabalhadores e dos povos por emancipação nacional e social passou por diferentes etapas e vivenciou ricas experiências. Nossa opinião é que este percurso, em todas as suas dimensões, nunca negou, ao contrário, confirmou plenamente, como e quanto é indispensável a existência de uma vanguarda revolucionária orientada por uma teoria científica e com raízes profundas entre os trabalhadores.
Aos interessados, sugerimos o contato com a Editora Kotter.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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