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    Marcia Carmo

    Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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    Contrastes: dados econômicos da era Lula e da era Milei

    "São diferentes as realidades dos vizinhos", escreve Marcia Carmo

    Lula e Milei (Foto: Ricardo Stuckert / PR | Agustin Marcarian/Reuters)

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    O primeiro ano de gestão do governo do presidente Javier Milei, da Argentina, tem sido marcado por forte ajuste econômico. Um modelo ultraortodoxo em sintonia com seu objetivo de “destruir o Estado por dentro”, como ele disse. Suas medidas atingem a construção civil, com queda de quase 20%, a indústria, com retração de 13,7%, o comércio, com 8,7% negativos, e a eliminação ou redução drástica de organismos estatais – caso, por exemplo, das áreas de direitos humanos e do Instituto Nacional de Cinema (Incaa), base para a premiada produção cinematográfica do país.

    De acordo com dados oficiais, no primeiro trimestre deste ano o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 5,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os investimentos desabaram 23,4%, segundo o mesmo levantamento, realizado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). A Argentina está em recessão. O Banco Mundial prevê retração de 2,8% neste ano. Ao mesmo tempo, as notícias do Brasil são um contraste com os dados e as expectativas argentinas. Na segunda-feira (12), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em Brasília, que a equipe econômica deve revisar a projeção de crescimento da economia porque o desempenho poderia superar os 2,5% previstos até aqui. No país vizinho, a inflação de julho (4%) levou o governo Milei a afirmar que essa é a “prova de que se está no caminho certo, resolvendo a herança de governos anteriores”. Em dezembro, quando ele assumiu, o índice disparou para 25% no mês, após a forte desvalorização do peso, a moeda argentina. O custo de vida não retrocedeu. Ao contrário. Na cidade de Buenos Aires e seus arredores, a chamada ‘cesta de serviços públicos’ acumula disparada de 375% nos oito meses do governo Milei, de acordo com o Observatório das Tarifas e Subsídios realizado pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e o Conicet (centro de pesquisas da Argentina). Diante dessa realidade, apesar da informação oficial sobre a desaceleração da inflação, os argentinos colocaram um forte freio no consumo – 16% em julho deste ano na comparação com o mesmo mês do ano passado. E agora a maior preocupação é outra, a perda do emprego, segundo pesquisas de opinião. Já no Brasil, o acumulado de geração de empregos formais chegou a 1,3 milhão neste ano, de acordo com dados do Ministério do Trabalho publicados na Agência Brasil.

    São as diferentes realidades dos vizinhos.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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