Cooperação e confiança

Nos primeiros tempos, o Homo sapiens era nômade, vivendo da caça e da coleta para sobreviver. Mas, após uma era glacial devastadora, nossos ancestrais se refugiaram em cavernas para escapar do frio extremo. Para evitar a morte por fome, tiveram que organizar suas saídas. Não era mais possível sair a toda hora em busca de alimento. A única missão era caçar grandes animais, transportá-los para a caverna e consumi-los ao longo do tempo.

E como caçar gigantes como os mastodontes? Só com um esforço coletivo. O grupo se organizava, com alguns membros cercando o animal enquanto outros subiam nas criaturas, golpeando-as com tacapes. Outros ainda usavam lanças para enfraquecer o animal até que ele fosse derrubado. Após a caçada, restava apenas esquartejar a carne e transportá-la de volta à caverna. Esse nível de organização e COOPERAÇÃO foi o que possibilitou a sobrevivência e o crescimento da humanidade.

A COOPERAÇÃO também tem muito a ver com solidariedade, um dos bons valores da humanidade.

Quando o Homo sapiens começou a se fixar na terra, surgiram conflitos com os nômades, que não aceitavam a ideia de que alguém poderia reivindicar um pedaço de terra que sempre foi de todos. Para resolver essas disputas, surgiu o Estado — e com ele, as leis. As leis, por sua vez, estabeleceram um conceito fundamental para o progresso da civilização: a CONFIANÇA. Sem a CONFIANÇA mútua, a humanidade já teria desaparecido.A CONFIANÇA é o alicerce de tudo. Ela é a razão pela qual depositamos nosso dinheiro no banco, acreditando que ele estará lá quando precisarmos. Lembram do confisco da poupança durante o governo Collor? Levou anos para que os brasileiros recuperassem a confiança nas instituições financeiras. Confiamos no farol verde, na esperança de que os carros da rua transversal realmente parem. Quando alguém quebra essa CONFIANÇA, o caos se instala, como um acidente de trânsito.Embora as instituições nem sempre atendam às nossas expectativas, ainda é por meio da CONFIANÇA nelas que conseguimos avançar enquanto sociedade. Sem ela, o retorno à barbárie seria inevitável.E é aqui que entra um movimento perigoso. A extrema direita tem tentado minar as instituições que sustentam nossa CONFIANÇA, criando um terreno fértil para a DESCONFIANÇA. Quando a CONFIANÇA nas instituições é destruída, surge a necessidade de um líder autoritário, que se apresenta como o "restaurador da ordem". Ou, em termos mais diretos, o ditador.É exatamente isso que Jair Bolsonaro, seus filhos e seus aliados tentaram fazer: corroer a CONFIANÇA nas instituições. Desde o início, buscaram descreditar as urnas eletrônicas, sem qualquer base sólida para isso. Nossa Constituição, criada no pós-ditadura, visa justamente proteger o país de golpes e ataques às nossas instituições. Então, por que Bolsonaro, enquanto afirmava estar agindo dentro dos limites da Constituição, sempre tentava desrespeitá-la? Porque sua intenção era destruir a CONFIANÇA nela.

Em 2018, Eduardo Bolsonaro afirmou que, para fechar o STF, bastaria um "cabo e um soldado". Mas por que fechar o STF? O STF é um dos três pilares da nossa democracia, junto com o Executivo e o Legislativo, dentro de um sistema chamado de “pesos e contrapesos”. O Judiciário tem a função essencial de garantir que o Executivo cumpra as leis e que as leis criadas pelo Legislativo estejam de acordo com a Constituição. Fechar o STF seria deixar a nação vulnerável, criando um vácuo de poder e caos.

E quem poderia preencher esse vácuo? O ditador. Se Bolsonaro tivesse conseguido implementar seu golpe, ele e seus filhos formariam um pequeno grupo no comando do país, instaurando uma nova ordem autocrática e exigindo que o povo só tivesse CONFIANÇA neles.Por isso, é essencial que continuemos a evoluir como sociedade, sempre lembrando que COOPERAÇÃO e CONFIANÇA são valores que devemos cultivar e proteger. Somente assim poderemos impedir que projetos golpistas e antidemocráticos prosperem e nos conduzam a um retrocesso irreversível.A COOPERAÇÃO e a CONFIANÇA nas instituições é o que garante nossa estabilidade e nosso progresso e é por isso que são tão atacadas pelo bolsonarismo.