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    Randolfe Rodrigues

    Senador pela Rede/AP

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    Coronavírus: Bolsonaro está do lado de quem?

    Estamos nos estágios iniciais da epidemia no Brasil. Ainda há muito trabalho a ser feito para evitar maiores danos à população, especialmente os mais pobres. No entanto, o povo brasileiro percebeu que nos falta liderança. Alguns tardiamente, é verdade. Mas enfim abriram os olhos para quem é Bolsonaro e o que ele representa. Ao menos isso para comemorar.

    (Foto: Reuters | Reprodução | Carolina Antunes/PR)

    A total incompatibilidade de Jair Bolsonaro com o cargo de Presidente da República não é novidade. Ainda que muitas pessoas fechassem os olhos para o óbvio, bastou a chegada da pandemia do novo Coronavírus ao Brasil para escancarar a incompetência e inépcia de Bolsonaro na condução da nação. Além da grave crise econômico e desemprego, agora precisaremos passar por uma crise sanitária sob os auspícios da necropolítica bolsonarista.

    Inicialmente, a postura presidencial foi bem condizente com sua agenda, classificando como histeria as medidas tomadas ao redor do planeta para conter a propagação do vírus. Depois, afirmou se tratar de uma doença branda, um resfriado como qualquer outro. A postura arrogante e negacionista atingiu seu ápice no dia 15 de março, quando Bolsonaro foi às ruas acompanhar manifestações que pediam o fechamento o Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal.

    Além da afronta à Constituição, a atitude de Bolsonaro foi extremamente irresponsável. Afinal, há semanas os órgãos de saúde vêm alertado a população para evitar aglomerações justamente pelo potencial de transmissão da Covid-19 em ambientes com muitas pessoas. Bolsonaro não apenas compareceu às manifestações de rua, como também cumprimentou manifestantes e posou para fotografias ao lado de vários deles.

    Para piorar, o presidente é um mitômano inveterado. Insiste em afirmar que em nenhum momento convocou pessoas paras as manifestações do dia 15 de março. Entretanto, durante escala de viagem aos Estados Unidos feita em Rondônia, Bolsonaro falou sobre os protestos e convocou apoiadores a tomarem parte. Triste ironia: como resultado desta viagem aos EUA, treze membros da comitiva presidencial foram infectados com o Coronavírus.

    Mesmo com o número de casos confirmados no País, Bolsonaro seguiu e segue minimizando a pandemia. Chegou ao cúmulo de dizer que faria um festa para comemorar o seu aniversário no dia 21 de março. A postura começou a mudar somente após perceber que suas bravatas e incompetência cansaram o povo brasileiro, que na quarta-feira realizou panelaços em diversas cidades em retaliação a necropolítica bolsonarista.

    Isso diz muito sobre a situação. Há meses as entidades internacionais de saúde vêm alertado sobre o potencial destruidor do novo Coronavírus. Desde então, diversas orientações para evitar a propagação do vírus foram sugeridas, bem como os esforços científicos para melhor compreensão e consequente tratamento da Covid-19. Todas estas medidas eram do conhecimento do governo quando da confirmação do primeiro caso no País.

    Entretanto, Bolsonaro preferiu alimentar a ignorância e seguir na caça de inimigos imaginários. Enquanto outros países botavam em prática as medidas sugeridas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil seguia ignorando o problema. Felizmente, alguns gestores públicos resolveram trabalhar à revelia de Bolsonaro e iniciaram a implementação de medidas para conter a propagação do novo Coronavírus no Brasil.

    A criação de um comitê governamental nesta semana para tratar a epidemia é uma tentativa desesperada de Bolsonaro em ter algum protagonismo nesta luta que o País trava contra a Covid-19. Entretanto, será inócuo. Antes deste teatro montado pelo presidente, autoridades sanitárias cientes do problema estavam empenhadas no combate ao Coronavírus.

    Estamos nos estágios iniciais da epidemia no Brasil. Ainda há muito trabalho a ser feito para evitar maiores danos à população, especialmente os mais pobres. No entanto, o povo brasileiro percebeu que nos falta liderança. Alguns tardiamente, é verdade. Mas enfim abriram os olhos para quem é Bolsonaro e o que ele representa. Ao menos isso para comemorar.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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